Grupo no facebook

domingo, 15 de janeiro de 2012

A Torre de Babel, explicada por Flávio Josefo


Capítulo 4



Ninrode, neto de Noé, constrói a torre de Babel, e Deus, para confundi-los e destruir essa obra, manda a confusão de línguas.

16. Gênesis 10 e 11. Os três filhos de Noé, Sem, Jafé e Cam, nascidos cem anos antes do dilúvio, foram os primeiros a deixar as montanhas para morar nas planícies, o que os outros não ousavam fazer, assustados ainda com a desolação universal causada pelo dilúvio. Mas o exemplo daqueles animou estes a imitá-los. Deram o nome de Sinar à primeira terra em que habitaram. Deus ordenou que mandassem colônias a outros lugares, a fim de que, multiplicando-se e estendendo-se, pudessem cultivar mais terras, colher frutos em maior abundância e evitar as divergências que de outro modo poderiam ser suscitadas entre eles. Porém esses homens rudes e indóceis não obedeceram e, pelo seu pecado, foram castigados com os males que lhes sucederam. E Deus, vendo que o seu número crescia sempre, ordenou-lhes segunda vez que formassem novas colônias.

Esses ingratos, porém, esquecidos de que deviam a Ele todos os seus bens e atribuindo-os a si mesmos, continuaram a desobedecer-lhe e acrescentaram à sua desobediência a impiedade de imaginar que era uma cilada que se lhes armava, a fim de que, estando divididos, pudesse Deus mais facilmente destruí-los. Ninrode, neto de Cam, um dos filhos de Noé, foi quem os levou a desprezar a Deus dessa maneira. Ao mesmo tempo valente e corajoso, persuadiu-os de que deviam unica­mente ao seu próprio valor, e não a Deus, toda a sua boa fortuna. E, como aspirava ao governo e queria que o escolhessem como chefe, abandonando a Deus, ofere­ceu-se para protegê-los contra Ele (caso Deus ameaçasse a terra com outro dilúvio), construindo uma torre para esse fim, tão alta que não somente as águas não pode­riam chegar-lhe ao cimo como ainda ele vingaria a morte de seus antepassados.

O povo, insensato, deixou-se dominar pela estulta convicção de que lhes seria vergonhoso ceder a Deus, e começaram a trabalhar nessa obra com incrí­vel ardor. A multidão e a atividade dos operários fizeram com que a torre em pouco tempo se elevasse a uma altura acima de qualquer expectativa, mas a sua debi­lidade fazia com que parecesse menos alta do que era de fato. Construíram-na de tijolos, cimentando-a com betume, para torná-la mais forte. Deus, irado com essa loucura, não quis, no entanto exterminá-los, como fizera aos seus predecessores, cujo exemplo, aliás, lhes havia sido de todo inútil, mas pôs divi­são entre eles, fazendo com que a única língua que falavam se multiplicasse num instante, de tal modo que não mais se entendiam. A confusão fez com que se desse ao lugar onde se havia construído a torre o nome de Babilônia, pois Babel em hebreu significa "confusão". A Sibila assim descreve esse grande acontecimento: "Todos os homens que então tinham uma só língua construí­ram torre tão alta que parecia que ela se elevaria até o céu. Mas os deuses levantaram contra ela tão violenta tempestade que ela foi derribada e fizeram com que aqueles que a haviam construído falassem no mesmo instante diver­sas línguas. Isso foi causa de que se desse o nome de Babilônia à cidade que depois foi construída naquele mesmo lugar". Hestieu também fala do campo de Sinar, onde Babilônia está localizada: 

"Diz-se que os sacerdotes que se salva­ram dessa grande catástrofe com as coisas sagradas, destinadas ao culto de Júpiter, o vencedor, vieram a Sinar de Babilônia".

Nenhum comentário:

Postar um comentário