por
Valmir Nascimento
Segundo os experts da área empresarial vivemos e um era da concorrência. Uma
época em que os produtos e o serviços são praticamente idênticos. Num contexto
em que a globalização promoveu a similaridade dos preços e da qualidade. O
diferencial, então, para o sucesso das empresas é a excelência na prestação de
serviços e o benefícios a mais que são oferecidos aos clientes.
No ramo eclesiástico, atualmente, existem tantas religiões espalhadas pelo
globo terrestre cuja soma desconheço, cujos deuses ignoro, cujos rituais nem
imagino. São tantos ismos: Cristianismo, islamismo, judaísmo, hinduísmo,
budismo, xintoísmo, confucionismo, etc (…).
Nesse cenário de concorrência e variedades religiosas, como fazer para atrair
mais seguidores? Como arrebanhar mais fiéis? A resposta vem dos especialistas do
ramo empresarial: Reduza os custos. Ofereça benefícios.
A técnica adotada pelas empresas para vender seus produtos, atualmente passou
a ser utilizada por algumas instituições religiosas para arrebanhar fiéis. É
isso mesmo. Aquilo que Pedro predissera (II Pedro 2:3) realmente está ocorrendo:
O evangelho – para muitos - transformou-se num negócio.
O educador Lourenço Stelio Rega, em artigo publicado na Revista Eclésia diz
que “(…) nestes primeiros anos do terceiro milênio, a fé cristã está entrando
pelo mesmo principio básico da lei de consumo – obter as maiores recompensas por
meio dos menores custos. E se não for possível conseguir as dádivas, busca-se
por discurso compensadores que possam substituí-la”.
Lourenço está completamente correto, afinal é evidente a ocorrência e a
proliferação dessas duas características dentro do falso evangelho
contemporâneo: Benefícios terrenos e baixo custo aos fiéis.
Não é necessário muito esforço para perceber tal situação. Veja-se, por
exemplo, as palavras de determinado “gerente eclesiástico”(ao contrário de
Pastor) ao ser entrevistado em uma das maiores revista evangélicas do país. Ele
defende uma teologia onde a penúria pode não ser fruto do pecado, mas certamente
o é falta de fé. “Nós não fomos criados para a pobreza. É heresia pregar que o
crente deve ser feliz ganhando salário mínimo”.
Pregação como essas são ouvidas ao montes. Argumentações que dizem que o
crente não pode ser pobre. Precisa ter o carro do ano, uma boa casa e um bom
emprego. São benefícios oferecidos a todos aqueles que quiserem ser “cristãos
evangélicos”, cuja vida tornar-se-á prospera na medida da sua fé. Vitórias.
Bênçãos. Prosperidade. São essas as palavras preferidas.
O baixo custo no âmbito do evangelho é uma chamada adicional para aqueles que
não querem compromisso com o Reino de Deus. “Venha como está e fique como está”
é o lema. Carregar a cruz, nem pensar. Renunciar alguma coisa, nem por
brincadeira. O que importa é o baixo custo. Sem essa de obediência e
arrependimento.
Ser cristão, levando em consideração somente os benefícios dessa vida não
pode e nem deve ser o nosso principal alvo. Segundo a Bíblia, “se a nossa
esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de
todos os homens”. É exatamente por causa dessa teologia mercantilista e ilusória
que Paulo Romeiro denominou de “Geração de Decepcionados” aquele grupo de
pessoas que se decepciona com evangelho tão logo vêm que os benefícios imediatos
que os haviam prometido não se concretizam em suas vidas.
Esse evangelho de benefícios leva muitas pessoas as uma peregrinação de
igreja em igreja, em busca daquela que lhe ofereça mais e mais. Acontece, então,
que após tempos e tempos de falsas promessas e benefícios não efetivados,
pessoas há que desanimam da fé, da Igreja e até mesmo de Deus; atribuindo a Ele
o fracasso de suas vidas por não terem recebido a prosperidade que esperavam e
que haviam prometido.
Vidas machucadas, feridas, apostatas da fé que criam escudos protetores. É o
medo de serem enganadas novamente, de que tomem mais uma vez seu dinheiro em
troca de promessas com as quais Deus nunca se comprometeu.
Cristo não nos chamou para sermos pobres, tampouco ricos. Ele nos chamou para
sermos salvos. Para fazermos partes do seu Reino. É óbvio que Deus é o dono do
ouro e da prata e pode perfeitamente fazer prosperar cada um dos seus filhos.
Que Ele pode nos dar uma Ferrari na garagem e um apartamento de seiscentos
metros quadrados. É lógico que sim. Mas tudo isso depende da vontade Dele. O que
não podemos é fazer dos benefícios acessórios a causa principal para aceitarmos
a Cristo, ou seja, tornarmo-nos cristão de olho nas benção materiais.
Jesus foi bem enfático acerca desse assunto, segundo ele “Mas buscai primeiro
o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.
Note-se que Cristo disse “todas estas coisas” vos serão acrescentadas. Ele não
disse, como se prega por aí, “todas as demais coisas”, muito menos “todas as
coisas” vos serão acrescentadas. O Mestre utilizou o pronome demonstrativo
“este” referindo-se àquilo que ele acabara citar anteriormente, qual seja: sobre
o que comer, beber e vestir. Ou seja, as coisas essências para a vida humana.
Portanto, Deus está mais interessado na nossa relação com Ele, do nossa
relação com os bem materiais. Ele tem mais prazer na nossa vida espiritual ou no
tamanho da nossa casa. Em outras palavras, o objetivo principal do evangelho é a
SALVAÇÃO DE TODO AQUELE QUE CRÊ, o resto é resto.
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