Mauricio Andrade
O sofrimento humano
deve atingir o cristão na mesma intensidade com que atingiu Jesus Cristo. É
impossível imaginar sensibilidade maior do que a demonstrada por nosso Senhor
diante da complexidade da angústia, dor e confusão humanas. Observe-se, por
exemplo, o choro do Senhor diante do túmulo de Lázaro, em Betânia (João 11.35).
Devemos nos perguntar a razão de Jesus ter chorado ali – mas dentro do contexto
da narrativa e das informações que ela nos dá. Assim, lembremo-nos de que foi o
próprio Jesus que, intencionalmente, demorou-se ainda dois dias onde estava,
após receber a notícia da doença de Lázaro. E deixou claro que era melhor que
ele não estivesse em Betânia – e não pudesse intervir na doença – a fim de que
seus discípulos tivessem nova oportunidade de crer nele. Ou seja, ele sabia o
que estava para fazer; tinha o controle da situação e a conduzia para um fim
específico e bom. Então, por que ele chora diante daquele quadro de desespero e
dor? Por que ele se comove e se agita, tendo Maria a seus pés a dizer-lhe
“Senhor, se estivesses aqui meu irmão não teria morrido!”? Seria fingimento?
Parte de uma atuação diante das pessoas, já que, todo o tempo, ele sabia o que
tinha ido fazer ali?
O texto diz, mais de uma vez, que Jesus amava! Ele amava Lázaro e amava suas
irmãs. Ele amava pecadores e, no processo de se identificar com eles, amava-os
em sua fragilidade, angústia e perplexidade diante da morte. Fragilidade por
causa da impossibilidade deles de lidar com a morte de forma cabal; angústia
porque a percebem inevitável; perplexidade porque não compreendem completamente
que eles mesmos são responsáveis, em seu pecado, pela presença da morte a
rondar-lhes a vida.
Finalmente, Jesus chora porque vê a confusão daquelas pessoas que, mesmo
confiando nele e conhecendo-o intimamente, estão fracas demais, sob o peso das
emoções e da dor, para perceber que podem confiar nele em qualquer momento da
vida – ou da morte. Por exemplo, ao ordenar que tirem a pedra que tampava a
entrada do sepulcro, Jesus encontra a oposição confusa da própria irmã do
morto. Eu e você sabemos que o que Marta mais queria naquele momento era ter
seu irmão de volta. E, no entanto – não em falta de fé, mas em confusão de
espírito – ela se opõe à retirada da pedra apresentando um motivo menor, banal
mesmo, quando se leva em conta tudo o que está acontecendo. Jesus não lhe diz
que o milagre não será realizado por causa de sua “falta de fé”. Ao contrário,
gentilmente lhe conforta e anima a alma, e prossegue realizando aquilo que já
tinha determinado fazer antes mesmo de chegar a Betânia.
Nestes dias quando a
notícia da morte repentina de centenas de pessoas atinge nosso país, é preciso
manter Cristo no foco de nossa atenção, a fim de que nossa sensibilidade não se
torne, apenas, um emaranhado de sentimentos que nos tirarão as forças e a
confiança nele. Jesus é o foco da atenção na narrativa de João 11 – não Lázaro,
não suas irmãs, nem mesmo o sofrimento delas.
Cristo – que tem o controle de todas as coisas e ao, mesmo tempo, chora com os que choram – é o nosso referencial. Isso não só nos manterá confiantes em sua Palavra, mas nos tornará realmente úteis àqueles cuja fragilidade, angústia e perplexidade diante da morte, precisam de nossa presença e apoio, inclusive porque muitos deles ainda carecem de Vida – Vida em Jesus
Cristo – que tem o controle de todas as coisas e ao, mesmo tempo, chora com os que choram – é o nosso referencial. Isso não só nos manterá confiantes em sua Palavra, mas nos tornará realmente úteis àqueles cuja fragilidade, angústia e perplexidade diante da morte, precisam de nossa presença e apoio, inclusive porque muitos deles ainda carecem de Vida – Vida em Jesus
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