Desceu Cristo
ao inferno? Pr. Mário de Jesus Arruda |
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O texto de 1Pedro
3: 18-20 tem sido motivo de muitos
debates entre teólogos e cristãos. Mas,
será que Cristo
desceu a um mundo inferior entre a sua morte
e
ressurreição? É o que vamos analisar.
As várias interpretações
1) Interpretação arminiana defende que os contemporâneos de Noé não tiveram nenhum redentor e nenhum guia. Portanto, Deus teve de lhes suprir esta deficiência e, assim, por fim, o Senhor ressuscitado lhes trouxe a salvação. Para eles, a rejeição do Evangelho no passado não foi uma rejeição final e definitiva.Mas, será que a morte não coloca um fim no período em que Deus opera com Sua graça para salvar pecadores? Será que existe neste texto de Pedro o ensino de uma nova oportunidade para os ímpios se salvarem, mesmo depois de sua morte? A grande dificuldade é que os santos do Antigo Testamento já haviam crido no Messias e, por isso, estavam justificados, Rm 4: 3; Gl 3: 6-9.
2) Interpretação luterana diz que Cristo morreu e, antes de ser ressuscitado, teve seu espírito restituído ao corpo e, na totalidade de sua natureza humana, foi ao inferno e proclamou sua vitória a Satanás. Mas, essa interpretação traz dificuldade porque não havia tido ainda nenhuma manifestação de vitória de Cristo.
3) Interpretação anglicana ensina que a alma de Cristo desceu ao inferno para conquistar a morte e o diabo (tomar as chaves) e para libertar as almas dos homens justos e bons, que desde a queda de Adão morreram por causa de Deus e na fé e na crença em Jesus, que estava para vir. Sua conquista destruiu qualquer reivindicação que o diabo tinha sobre os homens, e a descida foi parte do "resgate" pago por Cristo.Mas, as Escrituras não ensinam que os crentes do Antigo Testamento foram para o Hades e que Jesus lá desceu para libertá-los. Esses crentes foram estar com Deus após a sua morte, Sl 73: 23-24. Enquanto Cristo estava na terra, Elias e Moisés já estavam com Deus no céu, e não no Hades, 2Rs 2: 11; Lc 9: 29-32.
Análise bíblica de 1Pedro 3: 18-20
1) Qual o significado das expressões "carne" e "espírito vivificado"?
Neste texto, Pedro está contrastando dois estados de existência de nosso Redentor.
a) O estado de limitação de Cristo."Na carne": este estado é a natureza humana de Cristo, 1Pe 4: 1; 1 Jo 4: 2; 2Jo 7; Jo 1: 14; 1Tm 3: 16, Rm 1: 3-4. A expressão "morto na carne" faz referência quando Jesus morreu e saiu do estado de fraqueza e de limitação.
b) O estado de não-limitação - "espírito vivificado". A expressão "vivificado no espírito" se refere à natureza divina de Jesus. Seu estado antes de sua encarnação. E foi neste estado que Ele pregou aos "espíritos em prisão".Quando o texto fala que Jesus "vivificado em espírito foi e pregou, não está se referindo a um lugar depois de sua morte, mas onde Ele estava quando havia desobedientes dos tempos de Noé" (v. 20). Foi neste espírito que Ele pregou através dos profetas.A palavra "também" do v. 19 mostra a ênfase do estado de limitação para o estado de não-limitação. Dito de outra forma: Cristo pregou quando estava em nosso meio, como homem (dias de Sua carne), mas também pregou como Divino (não-limitação) nos dias de Noé através dos profetas.
2) Quando Cristo pregou?
O ensino desta passagem não é o que Cristo fez entre a morte e a ressurreição, mas o que Ele fez no seu estado antes da Encarnação - estado não-limitado, no tempo de Noé, 1Pe 1: 8-12.
3) Qual o conteúdo da pregação? O que Cristo pregou?
Jesus pregou o evangelho aos contemporâneos de Noé. Espiritualmente, Cristo estava presente em Noé quando este era o "pregoeiro da justiça", 2Pe 2: 5. Em 1Pe 1: 10-11, o apóstolo mostra o evangelho sendo pregado pelos profetas. Noé certamente pregou aos seus contemporâneos o evangelho e convocou-os ao arrependimento.
4) Quem são estes "espíritos em prisão" a quem Cristo pregou?A expressão "espíritos em prisão" se refere às pessoas que no tempo de Noé (noutro tempo) rejeitaram a sua pregação e que foram consideradas "espíritos em prisão", incapazes de fazer qualquer coisa que os deixassem livres. Permaneceram no cativeiro espiritual; permaneceram incrédulos quanto à mensagem pregada por Noé e na prisão de suas almas.
Concluímos, portanto, afirmando que:1) Não aceitamos: uma descida literal de Cristo ao Inferno; que o diabo possuía as "chaves" da morte e do inferno, que Jesus as tomou dele; uma segunda chance de salvação aos desobedientes após sua morte.
2) Aceitamos: que Cristo esteve sempre presente tipologicamente no Antigo Testamento, pregando através dos profetas o Evangelho de Salvação, Rm 4: 3; Gl 16-9, 2Pe 2: 5.
Fontes bibliográficas:
1) Revista Fides Reformata, vol. IV, nº 1, 1999.2) Revista Os Puritanos, nº 1, ano IX, 2001.
A gente não pode deixar de analisar que, o dilúvio veio, não por causa dos pecados dos moradores da terra, pois sem lei o pecado não tem força de punição. Mas era devido as maldades que imperava o mundo. Seria debalde Cristo pregando nos dias de Noé àqueles homens, tanto é que ninguém se converteu a sua pregação. Seria como um cristão pregar no prostíbulo. Quem, num prostíbulo daria ouvidos a uma pregação? Ou seja, quem daria ouvidos a Noé naqueles dias?
ResponderExcluirObrigado pela participação!!!
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