CHARLES G. FINNEY
Como Ganhar Almas
"Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, 
fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes".
No presente artigo desejo, com a devida vênia, deixar com meus irmãos mais 
jovens no ministério alguns pensamentos sobre a filosofia de se pregar o 
evangelho de modo a conseguir a salvação de almas. Esses pensamentos são o 
resultado de muito estudo, muita oração pela orientação divina e da experiência 
prática de muitos anos.
A admoestação contida no texto bíblico que encima o presente artigo, 
interpreto-a como fazendo referência ao assunto, à ordem e à maneira de se 
pregar.
O problema é este: como havemos de ganhar integralmente as almas para Cristo? 
Sem dúvida teremos de conseguir que se desprendam de si mesmos.
1. Os homens são livres agentes morais: racionais e responsáveis.
2. Estão em rebelião contra Deus, totalmente indispostos, inteiramente 
tomados de preconceitos, e comprometidos contra Deus.
3. Estão entregues à auto-satisfação como objetivo de sua vida.
4. Esse estado é (o que se chama em linguagem teológica) a depravação moral, 
ou seja, a fonte do pecado dentro de si mesmos, da qual fluem, por uma lei 
natural, todas as suas práticas pecaminosas. Esse estado voluntário de entrega é 
o "coração ímpio". É esse que precisa de uma transformação moral radical.
5. Deus é infinitamente benfazejo, e os pecadores incrédulos são egoístas e 
radicalmente opostos a Deus. Seu compromisso consigo mesmos, de satisfazerem os 
seus próprios aperites e pendores, chama-se em linguagem bíblica "a inclinação 
da carne" ou "pendor da carne", que "é inimizade contra Deus".
6. Essa inimizade é voluntária, e só pode ser vencida pela Palavra de Deus, 
que é eficaz através do ensino do Espírito Santo.
7. O evangelho serve a esse fim, e quando é sabiamente apresentado, podemos 
esperar confiadamente a cooperação eficaz do Santo Espírito. Isso está implícito 
na ordem de Jesus: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as naçães; ...e eis 
que estou convosco todos os dias até à consumação do século."
8. Se não tivermos sabedoria, se formos incoerentes e antifilosóficos e se 
não seguirmos uma ordem natural na apresentação do evangelho, não temos direito 
de esperar pela cooperação divina.
9. No mister de ganhar almas, como em tudo mais, Deus opera através de leis 
naturais e de acordo com elas. Portanto, se quisermos ganhar almas, havemos de 
adaptar sabiamente os meios a esse fim. As verdades que apresentarmos, e a ordem 
da sua apresentação hão de ser adaptadas às leis naturais da mente, do 
pensamento e do funcionamento mental. Uma falsa filosofia mental poderá 
desviar-nos grandemente, levando-nos muitas vezes a trabalhar ignorantemente 
contra a operação do Espírito Santo.
10. Os pecadores devem ser convencidos da sua inimizade. Não conhecem a Deus, 
e por conseguinte ignoram muitas vezes a oposição do seu próprio coração contra 
ele. "Pela lei vem o pleno conhecimento do pecado", porque é pela lei que o 
pecador adquire sua primeira idéia verdadeira de Deus. Pela lei, ele primeiro 
aprende que Deus é perfeitamente born e oposto a todo o egoísmo. Essa lei, pois, 
deve ser exposta em toda sua majestade contra o egoísmo e a inimizade do 
pecador.
11. Essa lei leva consigo a convicção irresistível da sua justiça, da qual 
nenhum agente moral pode duvidar.
12. Todos os homens sabem que cometeram pecado, porém nem todos estão 
convictos, nem da culpabilidade, nem das más conseqüências que o pecado merece. 
Na sua maioria são descuidados, não sentem o fardo do pecado nem os horrores e 
terrores do remorso: não têm senso de condenação nem de estarem perdidos.
13. Sem convicção, porém, não podem entender nem apreciar a salvação do 
evangelho. Ninguém pode inteligentemente e de coração, pedir ou aceitar perdão 
enquanto não percebe como é real e justa a sua condenação.
14. É absurdo, portanto, supor que um pecador indiferente, sem convicção de 
seu pecado, possa aceitar inteligente e reconhecidamente e perdão que o 
evangelho oferece, enquanto não aceitar a justiça de Deus em condená-lo. A 
conversção a Cristo é uma tranformação inteligente. Por isso a convicção do 
merecimento da condenação tem que preceder a aceitação da misericórdia, pois sem 
a convicção o pecador não compreende sua necessidade de misericórdia. É natural 
que o oferecimento seja rechaçado. O evangelho não é nenhuma boa-nova para o 
pecador indiferente e sem convicção de pecado.
I5. A espiritualidade da lei deve ser aplicada inexoravelmente à consciência 
até que se aniquile a presunção do pecador de ser justo, e ele se coloque, mudo 
e contrito, diante de um Deus santo.
16. Em alguns homens essa convicção já está madura, e o pregador pode logo 
apresentar a Cristo, na esperança de que seja aceito; em tempos normais, porém. 
tais casos são excepcionais. A grande massa dos pecadores é indiferente e não 
tem convicção do seu pecado. Se presumirmos que estão convictos e preparados 
para receber a Cristo, insistindo com os pecadores a que o aceitem 
imediatamente, estamos iniciando a obra pelo fim e tornando ininteligível o 
nosso ensino. E semelhante processo acabará demonstrando-se errado, sejam quais 
forem as aparências e profissões do momento. O pecador poderá na verdade 
alcançar esperançã através de tais ensinos: mas, a não ser que o Espírito Santo 
supra algo que o pregador deixou de fornecer, verificar-se-á falsa a esperança. 
É mister que sejam apresentados todos os elos essenciais da verdade.
17. Depois que a lei tiver feito sua obra, aniquiiando a presunção do pecador 
quanto à sua justiça e deixando-o sem outro recurso senão a aceitação da 
misericórdia, deve-se levar o pecador a compreender a situação delicada e o 
perigo de se dispensar a execução da penalidade quando foi transgredido o 
preceito da lei.
18. Precisamente nesta altura deve-se levar o pecador a compreender que ele 
não deve concluir, com base na benevolência de Deus, que este pode com justiça 
perdoá-lo. Ao contrário, a não ser que a justiça pública seja satisfeita, a lei 
de benevolência universal proíbe o perdão dos pecados. Se não for levada em 
consideração a justiça pública no exercício da misericórdia, o bem público será 
sacrificado em benefício do indivíduo. Isso, Deus jamais fará.
19. Esse ensino obrigará o pecador a procurar alguma forma de satisfazer a 
justiça pública.
20. Apresentamos-lhe agora a obra expiatória de Cristo como fato revelado, 
limitando suas esperanças a Cristo como seu próprio holocausto. Ponhamos em 
destaque a verdade revelada de que Deus aceitou a morte de Cristo em lugar da 
morte do pecador, e que isso deve ser recebido com base no testemunho do próprio 
Deus.
21. Esmagado até contrição pelo poder convincente da lei, a revelação do amor 
de Deus manifestado na morte de Cristo há de gerar no pecador o sentimento de 
desgosto de si próprio e aquela tristeza segundo Deus, que a ninguém traz pesar. 
Diante dessa revelação, o pecador jamais se perdoa. Deus é santo e grandioso; 
ele, um pecador, salvo pela graça soberana. Isso poderá ser apresentado com 
maior ou menor precisão de acordo com as pessoas visadas, seu grau de 
inteligência, de capacidade para pensar e de cuidado para entender.
22. Não foi por acidente que a dispensação da lei antecedeu à dispensação da 
graça; mas está na ordem natural das cousas, de acordo com leis mentais 
preestabelecidas, e sempre a lei há de preparar o caminho do evangelho. A 
negligência nesses pontos poderá levar a falsas esperanças, à introdução de um 
falso padrão de experiência cristã e a uma igreja cheia de falsos convertidos. 
Isso o tempo demostrará.
23. O pregador deverá dirigir a verdade às pessoas presentes, aplicando-a de 
modo tão pessoal que cada uma sinta que a mensagem é para ela. É como se tem 
dito muitas vezes de certo pregador: "Ele não prega, ele explica o que outros 
pregam, e parece que fala diretamente a mim".
24. Esse método prenderá a atenção e levará os ouvintes a perderem de vista a 
extensão do sermão. Ficarão cansados de ouvir se não sentirem interesse pessoal 
no que dizemos. Conseguir o interesse pessoal do ouvinte no que se diz, é 
condição indispensável à sua conversão. Uma vez despertado o interesse pessoal, 
e mantida a atenção do ouvinte, dificilmente se queixará do tempo da pregação. 
Em quase todos os casos em que se reclama da demora do sermão, é porque não 
interessamos pessoalmente o ouvinte naquilo que dizemos.
25. Se deixamos de interessá-los pessoalmente, ou é porque não nos dirigimos 
pessoalmente ao ouvinte, ou porque nos falta unção e sinceridade, clareza e 
força, ou alguma outra cousa que devíamos possuir. O que é indispensável, é 
fazermos com que sintam que tanto nós quanto Deus visamos a eles.
26. Não devemos pensar que basta a piedade sincera para nos dar êxito em 
ganhar almas. Essa é apenas uma das condições do sucesso. Há de haver também bom 
senso, há de haver sabedoria espiritual para adaptar os meios ao fim. Assunto, 
maneira, ordem, tempo e lugar, todos precisam ser sabiamente ajustados ao fim 
que temos em vista.
27. Deus poderá, às vezes, converter almas por intermédio de homens que não 
são espirituais, quando possuem aquela sagacidade natural que os habilita a 
adaptar os meios a esse fim; mas a Bíblia nos apóia ao afirmarmos que esses são 
casos excepcionais. Sem essa sagacidade e adaptação dos meios ao fim, o homem 
espiritual deixará de ganhar almas para Cristo.
28. Os incrédulos necessitam de instrução de acordo com a medida da sua 
inteligência. Umas poucas verdades simples, quando sabiamente aplicadas e 
iluminadas pelo Espírito Santo, converterão crianças a Cristo. Eu disse 
sabiamente aplicadas, pois os meninos também são pecadores e necessitam da 
aplicação da lei, qual pedagogo, para conduzi-los até Cristo a fim de serem 
justificados pela fé. Verificarse-á, mais cedo ou mais tarde, que algumas 
supostas conversões a Cristo são espúrias, pois houve omissão do trabaiho 
preparatório da lei, e Cristo não foi abraçado como Salvador do pecado e da 
condenação.
29. Pecadores instruídos e cultos, que estão sem convicção e céticos de 
coração, precisam de muito mais extensa e completa aplicação da verdade. Os 
profissionais necessitam que a rede do evangelho seja lançada toda em volta 
deles, sem haver nenhum buraco pelo qual possam escapar. Quando assim tratados, 
têm tanto maior probabilidade de se converterem, quanto maior for o grau da sua 
verdadeira inteligência. Tenho verificado que uma série de conferências 
dirigidas a advogados e adaptadas a seus modos de pensar e raciocinar, quase 
sempre pode convertê-Ios.
30. Para sermos bem sucedidos em ganhar almas, precisamos ser obervadores, 
estudar o caráer das pessoas, aplicar os fatos da experiência, da observação e 
da revelação às consciências de todas as classes.
31. É muito importante que sejam explicados os termos empregados. Antes da 
minha conversão, não ouvia inteligivelmente explicados os termos: 
arrependimento, fé, novo nascimento, conversáo. Arrependimeto era descrito como 
sendo um sentimento. Fé era apresentada como ato ou estado intelectual e não 
como ato voluntário de confiança. Regeneração era uma mudança física da 
natureza, produzida pelo der direto do Espírito Santo, ao invés de uma mudança 
voluntária do propósito fundamental da alma, produzida pela iluminação 
espiritual do Epírito Santo. Até mesmo a conversção era representada como obra 
do Espírito Santo de tal modo a ocultar a verdade de que é ato do próprio 
pecador, sob a influência do Espírito Santo.
32. Devemos insistir em que o arrependimento importa na renúncia voluntária e 
efetiva de todo o pecado: que é mudança radical de atitude para com Deus.
33. A fé que salva é a confiança do coração em Cristo: ela opera pelo amor, 
purifica o coração e vence o mundo: não é fé salvadora aquela que não tiver 
esses atributos.
34. O pecador terá que exercer determinados atos mentais e precisa 
compreender quais são. O erro da filosofia mental apenas embaraça, e poderá ser 
um engano fatal para a alma. Muitas vezes os pevadores são encaminhados em pista 
errada. lnsiste-se com eles para que sintam, ao invés de exercerem os atos 
requeridos da vontade. Antes da minha conversão, jamais recebi de alguém uma 
idéia inteligível dos atos mentais que Deus exigia de mim.
35. A capacidade do pecado em enganar as almas, torna-as excessivamente 
sujeitas à ilusão: por isso compete, a quem ensina, o dever de rebuscar as 
moitas e de procurar em todos os cantos e fendas onde haja possibilidade de uma 
alma ter achado falso refúgio. Sejamos tão perseverantes e discriminadores que 
se torne impossível que o interessado venha a nutrir uma esperança falsa.
36. Não tenhamos receio de insistir. Não apliquemos, por falsa piedade, o 
esparadrapo onde houver necessidade da sonda. Não temamos desanimar o pecador 
convicto, fazendo-o voltar atrás, pelo fato de sondá-lo até ao fundo. Se o 
Espírito Santo estiver trabalhando nele, quanto mais esquadrinharmos e 
pesquisarmos, mais impossível se tornará para a alma voltar ou descansar no 
pecado.
37. Se quisermos salvar a alma, não poupemos a mão direita, o olho direito, 
ou qualquer ídolo querido: cuidemos do abandono de toda forma de pecado. 
Insistamos na plena confissão do mal a todos que tiverem direito á confissão. 
Insistamos na plena restituição, até onde for possível, a todas as partes 
prejudicadas. Não fiquemos aquém dos ensinos expressos de Cristo nessa matéria. 
Seja quem for o pecador, façamo-lo compreender claramente que, se não abandonar 
tudo que tem, não pode ser discípulo de Cristo. É necessária inteira e universal 
consagração a Deus de todos os poderes do corpo e da mente, de toda a 
propriedade, possessões, caráter e influência. Deve haver total abandono a Deus 
de todo o direito a si próprio ou a qualquer outra cousa, como condição de sua 
aceitação.
38. Compreendamos, e se possível façamos o pecador compreender, que tudo isso 
faz parte da verdadeira fé, do verdadeiro arrependimento. e que a real 
consagração abrange todos esses fatores.
39. Devemos lembrar constantemente ao pecador que é com um Cristo pessoal que 
ele está tratanto: que Deus em Cristo está buscando a sua reconciliação com ele, 
e que a condição dessa reconciliação é que o pecador submeta sua vontade e todo 
o seu ser a Deus -- que não "deixe para trás nem um casco".
40. É importante assegurar-lhe que "Deus nos deu a vida eterna, e essa vida 
está no seu Filho"; que "Cristo nos foi feito sabedoria, justiça, santificação e 
redenção: e que, do princípio ao fim, ele achará toda a sua salvação em 
Cristo.
41. Depois que o pecador recebe inteligentemente toda essa doutrina e o 
Cristo nela revelado. ele deve perseverar até o fim, e esta é a última condição 
da sua salvação. Eis aqui uma importante tarefa: impedir que o pecador venha a 
recair e assegurar sua permaente santificação e confirmação para a glória 
eterna.
42. Será o caso que o declínio espiritual dos conversos tão comum não indica 
um grave defeito nas mensagens do púlpito? Por que será que tantos conversos 
esperançosos, em poucos meses de aparente conversão, perdem o primeiro amor, 
perdem todo o fervor na religião, negligenciam o dever e continuam cristãos de 
nome, porém mundanos no espírito e na vida?
43. Um pregador realmente bem sucedido deve não apenas ganhar almas para 
Cristo, mas também conservá-las. Deve conseguir não somente sua conversão, mas 
também sua permanente santificação.
44. Na Bíblia não há nada mais expressamente prometido nesta vida do que a 
santificação permanente. 1 Ts 5.23.24: "O mesmo Deus da paz vos santifique em 
tudo: e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e 
irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o 
qual também o fará." Essa é indubitavelmente a oração dos apóstolos pela 
santificação permanente nesta vida, com a promessa explícita de que aquele que 
nos chamou o fará.
45. Aprendemos pelas Escrituras que, "tendo nele crido" somos, ou podemos 
ser, selados com o Santo Espírito da promessa, e que esse selo é "o penhor da 
nossa herançã". Ef 1.13.14: "Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra 
da verdade, o evangelho da nossa salvação, tendo nele também crido, fostes 
selados com o Santo Espírito da promessa, o qual é o penhor da nossa herança até 
o resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória." Esse selo, esse penhor 
da nossa herança, é que assegura a nossa salvação. Assim, em Ef 4.30, o apóstolo 
diz: "Não entristeçais o Espírito de Deus. no qual fostes selados para o dia da 
redenção." E em 2 Co 1.21.22 o apóstolo diz: "Mas aquele que nos confirma 
convosco em Cristo, e nos ungiu, é Deus, que também nos selou e nos deu o penhor 
do Espírito em nossos corações." Assim somos confirmados em Cristo e ungidos 
pelo Espírito, como também selados pelo penhor do Espírito em nossos corações. E 
isso, é bom lembrar, é uma bénção que recebemos depois de crer, conforme Paulo 
nos informou em sua epístola aos efésios, acima citada. Ora, é da máxima 
importância que os conversos aprendam a não ficar aquém dessa santificação 
permanente, desse selo, dessa confirmação em Cristo pela unção especial do 
Espírito Santo.
46. Ora, irmãos, se não conhecermos o que significa isso em nossa própria 
experiência, e não conduzirmos os conversos à mesma experiência, falhamos 
lamentável e essencialmente em nosso ensino e omitimos a verdadeira nata e 
plenitude do evangelho.
47. É importante compreender que, enquanto essa experiência foi rara entre os 
pastores, ela será desacreditada pelas igrejas e será quase impossível, a um 
pregador isolado dessa doutrina, vencer a incredulidade da sua igreja. Terão 
dúvidas a respeito, porque tão poucos pregam ou acreditam nessa doutrina; 
explicarão a insistência do pastor dizendo que a sua experiência se deve a seu 
temperamento peculiar; assim, deixarão de receber essa unção por causa da 
incredulidade. Em tais circunstâncias será muito mais necessário insistir na 
importância e no privilégio da santificação permanente.
48. O pecado consiste no pendor da carne, em "fazer a vontade da carne e dos 
pensamentos". A santificação permanente consiste na consagração integral e 
permanente a Deus. Importa na recusa de se obedecer à vontade da carne ou dos 
pensamentos. O batismo ou selo do Espírito Santo subjuga o poder dos desejos, 
fortalece e confirma a vontade na resistência ao impulso do desejo e no 
propósito permanente de fazer de todo o ser uma oferta a Deus.
49. Se nos mantivermos em silêncio sobre esse assunto, a inferência natural é 
que não cremos nele e, evidentemente, que o desconhecemos na experiência. Isso 
fatalmente será uma pedra de tropeço para a igreja.
50. Uma vez que esta é uma doutrina de inegável importância e claramente 
ensinada no evangelho, sendo, com efeito, a "banha e gordura" do evangelho, 
deixar de ensiná-la é despojá-lo da sua mais rica herança.
51. O testemunho da igreja, e, em grande parte, do ministério, sobre esse 
assunto, tem sido lamentaveImente falho. Essa herança tem sido retirada da 
igreja; assim sendo, é de se estranhar que ela se desvie tão vergonhosamente? O 
testemunho de relativamen poucos, aqui e ali, que insistem nessa doutrina, é 
quase neutralizado pelo contra-testemunho ou silêncio culposo da grande massa 
das testemunhas de Cristo.
52. Meus queridos irmãos, são de tal modo amadurecidas as minhas convicções e 
profundos os meus sentimentos sobre esse assunto que não deve ocultar-lhes os 
meus receios, de que, em muitos casos, é a falta da experiência pessoal a razão 
desse grave defeito na pregação do evangelho. Não digo isso para magoar; longe 
de mim tal desejo. Não é de admirar que muitos não tenham essa experiência. 
Muitas vezes a educação religiosa é deficiente. Os crentes são levados a 
desposar outro ponto de vista sobre o ssunto. Causas várias têm contribuido para 
criar uma predisposição contrária a essa doutrina bendita do evangelho. 
Intelectualmente os crentes não têm crido nela; e, naturalmente, não têm 
recebido a Cristo em sua plenitude. Talvez essa doutrina tenha sido uma pedra de 
tropeço e rocha de escândalo; porém, não permitamos que o preconceito vença; 
lancemonos sobre Cristo mediante a aceitação presente, atual, dele como nossa 
sabedoria, justiça, santificação e redenção. Vejamos se ele não fará 
infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos.
53. Ninguém, seja crente ou incrédulo, deve ser deixado em paz enquanto 
tolerar em si qualquer pecado. Se pudermos impedir, não devemos permitir que 
ninguém nutra esperanças do céu, enquanto estiver consentindo no pecado, seja 
ele qual for. Nossa constante exigência e persuasão devem ser: "Sede santos, 
porque Deus é santo." "Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai que está no 
céu." Lembremo-nos da maneira pela qual Cristo concluiu seu memorável Sermão da 
Montanha. Depois de ter exposto diante de seus ouvintes aquelas verdades 
terrivelmente perscrutadoras, e de ter exigido que fossem perfeitos como é 
pertfeito o Pai no céu, termina assegurando-lhes que ninguém pode ser salvo sem 
receber e obedecer aos seus ensinos. Ao invés de tentarmos agradar o povo nos 
seus pecados, devemos continuamente procurar induzi-los a abandonar esses 
pecados. Irmãos, façamo-lo para que não sejam as nossas vestes contaminadas pelo 
seu sangue. Se seguirmos esse caminho e pregarmos constantemente com unção e 
poder, permanecendo na plenitude da doutrina de Cristo, poderemos esperar, com 
alegria, salvar tanto a nós mesmos como aos nossos ouvintes.

Nenhum comentário:
Postar um comentário