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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Abraão no Egito



por
Flávio Josefo

Uma grande carestia obriga Abraão a ir ao Egito. O faraó
apaixona-se por Sara. Deus a preserva. Abraão retorna para
Canaã e divide os seus bens com Ló, seu sobrinho.

23. Gênesis 12 e 73. O país de Canaã foi então assolado por grande carestia, e Abraão, tendo sabido nesse mesmo tempo que o Egito desfrutava grande abun­dância, resolveu tanto mais facilmente ir para lá quanto lhe era interessante co­nhecer os sentimentos dos sacerdotes daquele país com relação à Divindade. E, se eles fossem mais bem instruídos do que ele conformar-se-ia à sua crença, mas se, ao contrário, ele fosse o mais instruído, comunicaria a eles a sua fé. Como Sara sua esposa, era muito formosa, e sabendo ele da incontinência dos egípcios, e temendo que o rei se apaixonasse por ela e o mandasse matar, fingiu que ela era sua irmã e ensinou-lhe como proceder para evitar esse perigo.

O que ele havia previsto aconteceu. A fama da beleza de Sara espalhou-se logo. O rei quis vê-la e não somente vê-la, como também possuí-la. Deus, porém, impediu a realiza­ção do seu mau desígnio por meio de uma peste, que lhe avassalou o reino, e pela revolta dos seus súditos. Por isso o príncipe consultou os seus sacerdotes, para saber de que maneira se poderia aplacar a cólera divina. Responderam-lhe que a violência que ele queria fazer à mulher de um estrangeiro era a causa daquilo. Faraó, espantado com a resposta, perguntou quem era essa mulher e quem era esse estrangeiro. Depois de haver sabido de tudo, pediu grandes desculpas a Abraão, disse-lhe que julgara que fosse sua irmã, e não sua mulher, e que em vez de querer fazer-lhe afronta não tivera outro intento senão contrair aliança com ele. Deu-lhe em seguida grande soma de dinheiro e permitiu-lhe conversar com os homens mais instruídos do reino.

Essa conversa tornou conhecida a sua virtude e granjeou-lhe grande renome, pois apesar de os sábios do Egito serem de sentimentos diversos, impondo essa diversidade uma grande divisão entre eles e Abraão, ele tão claramente lhes deu a conhecer que estavam longe da verdade que eles lhe admiraram mais a gran­deza de espírito que o dom de persuadir. Ele ensinou-lhes até mesmo a aritméti­ca e a ciência dos astros, que lhes eram desconhecidas: foi por meio dele que essas ciências passaram dos caldeus aos egípcios e dos egípcios aos gregos.

24. Abraão, ao voltar a Canaã, dividiu o país com Ló, seu sobrinho. Os guar­das de seus rebanhos estavam brigados uns com os outros por causa das pasta­gens. Então ele disse a Ló que escolhesse e tomou para si o que o outro não quis, contentando-se com as terras que estão ao pé das montanhas. Estabeleceu em seguida a sua moradia na cidade de Hebrom, que é sete anos mais velha que Tanis, no Egito. Quanto a Ló, escolheu ele as planícies que estão ao longo do rio Jordão e próximas da cidade de Sodoma, que estava então em franco progresso, mas que agora se acha inteiramente destruída pela justa vingança de Deus — e nada resta dela, nem mesmo o menor vestígio, como diremos em seguida.

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