Vincent Cheung
1. TEOLOGIA
A reflexão teológica é a atividade mais importante que um
ser humano pode realizar.
Essa declaração pode surpreender alguns leitores, mas uma
explicação do significado e
das implicações do empreendimento teológico fornecerá
justificativa para uma tal
reivindicação. Consideraremos a natureza, a possibilidade
e a necessidade desse campo
de estudo
.
A NATUREZA DA TEOLOGIA
A palavra TEOLOGIA refere-se ao estudo de Deus. Quando
usada num sentido mais
amplo, a palavra pode incluir todas as outras doutrinas
reveladas na Escritura. Ora, Deus
é o supremo ser que criou e até agora sustenta tudo o que
existe, e a teologia procura
entender e articular, de uma maneira sistemática, a
informação por ele revelada a nós.
Assim, a teologia se preocupa com a realidade última.
Visto que é o estudo da realidade
última, nada é mais importante. Porque contempla e
discuta essa realidade, ela,
conseqüentemente, define e governa cada área da vida e do
pensamento. Portanto, assim
como Deus é o ser ou realidade última, a reflexão
teológica é a atividade humana
última.
Teologia, então, refere-se ao estudo da
Escritura ou à formulação sistemática
das doutrinas dessa. Uma doutrina verdadeiramente bíblica
é sempre autorizada e
obrigatória, e um sistema de teologia é somente
autorizado até onde ele reflita o ensino
escriturístico.
Muitos advertem contra estudar teologia para o próprio
bem dessa. O espírito antiintelectual
dessa geração tem se infiltrado de tal maneira na igreja,
que eles recusam a
crer que alguma atividade intelectual possua valor
intrínseco. Para eles, até mesmo
conhecer a Deus deve servir para um propósito maior,
provavelmente pragmático ou
ético. Embora o conhecimento de Deus deva afetar a
conduta de alguém, é, contudo, um
engano pensar que o empreendimento intelectual da
teologia sirva a um propósito que
seja maior do que ela mesma. Os cristãos devem afirmar
que, visto que estudar teologia
é conhecer a Deus, e esse é o maior propósito do homem, a
teologia, portanto, possui
um valor intrínseco. Jeremias 9:23-24 diz:
Assim diz o Senhor: “Não se glorie o sábio em sua
sabedoria nem o forte em sua
força nem o rico em sua riqueza, mas quem se gloriar,
glorie-se nisto: em
compreender-me e conhecer-me, pois eu sou o Senhor e ajo
com lealdade, com
justiça e com retidão sobre a terra, pois é dessas coisas
que me agrado”, declara
o Senhor.
Não há finalidade maior a que o conhecimento de Deus
pretende alcançar, e não há
propósito maior para o homem senão o de que conhecer a
Deus. O conhecimento
teológico produz demandas morais e outros efeitos na vida
de uma pessoa, mas essas não são propósitos maiores do que a tarefa
teológica de conhecer a revelação verbal de
Deus.
A POSSIBILIDADE DA TEOLOGIA
Um pré-requisito para se construir um sistema teológico é
provar que o conhecimento
teológico é possível. Jesus diz que “Deus é Espírito”
(João 4:24); ele transcende a
existência espaço-temporal do homem. A questão que então
se levanta diz respeito a
como os seres humanos podem conhecer algo sobre ele.
Deuteronômio 29:29 tem a
resposta:
As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, o nosso Deus,
mas as reveladas
pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre, para que
sigamos todas as
palavras desta lei (Deuteronômio 29:29).
Teologia é possível porque Deus se revelou a nós através
das palavras da Bíblia.
Deus revelou sua existência, atributos e exigências
morais a todo ser humano, incluindo
tal informação dentro da mente do homem. A própria
estrutura da mente humana inclui
algum conhecimento sobre Deus. Esse conhecimento inato,
conseqüentemente, faz com
que o homem reconheça a criação como a obra de um
criador. A grandeza, magnitude e
o desígnio complexo da natureza servem para lembrar ao
homem de seu conhecimento
inato sobre Deus.
Os céus estão declarando a glória de Deus. A vasta
expansão mostra o seu
trabalho manual. Um dia “fala” disso a outro dia; uma
noite mostra
conhecimento a outra noite. Não há discursos, não há
palavras; Nenhum som é
ouvido delas. Sua “voz” estende-se por toda a terra, suas
palavras até os confins
do mundo (Salmo 19:1-3). 1
Portanto, a ira de Deus é revelada dos céus contra toda
impiedade e injustiça dos
homens que suprimem a verdade pela injustiça, pois o que
de Deus se pode
conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes
manifestou. Pois desde a
criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu
eterno poder e sua
natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo
compreendidos por meio das
coisas criadas, de forma que tais homens são
indesculpáveis; porque, tendo
conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe
renderam graças, mas
os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração
insensato deles obscureceuse
(Romanos 1:18-21). 2
Embora o testemunho da natureza concernente ao seu
criador seja evidente, o
conhecimento do homem sobre Deus não vem da observação da
criação. A última passagem em Romanos nos informa que o conhecimento de
Deus não vem de
procedimentos empíricos, mas do que tem sido diretamente
“escrito” na mente do
homem — é um conhecimento inato:
De fato, quando os gentios, que não têm a Lei, praticam
naturalmente as coisas
requeridas pela lei, tornam-se lei para si mesmos, embora
não possuam a Lei;
pois mostram que os requerimentos da Lei estão escritas
em seu coração. Disso
dão testemunho também a sua consciência e os pensamentos
deles, ora
acusando-os, ora defendendo-os (Romanos 2:14-15). 3
Os teólogos chamam isso de REVELAÇÃO GERAL. Esse
conhecimento de Deus é inato
na mente do homem e não se origina da observação do mundo
externo. O homem não
infere do que ele observa na natureza que deve existir um
Deus; antes, ele conhece o
Deus da Bíblia antes de ter acesso a qualquer informação
empírica. A função da
observação é estimular a mente do homem a recordar esse
conhecimento inato de Deus,
que foi suprimido pelo pecado, e é também por esse
conhecimento inato que o homem
interpreta a natureza.
Toda pessoa tem um conhecimento inato de Deus, e para
onde quer que ele olhe, a
natureza lembra disso. Todos os seus pensamentos e todas
as suas experiências dão
testemunho irrefutável da existência e dos atributos de
Deus; a evidência é inescapável.
Portanto, aqueles que negam a existência de Deus são
acusados de suprimir a verdade
pela sua perversão e rebelião, e ao reivindicaram ser
sábios, tornaram-se loucos
(Romanos 1:22). Em outras palavras, a revelação geral de
sua existência e atributos por
toda a sua criação – isto é, o conhecimento inato do
homem e as características do
universo – deixam aqueles que negam a sua existência sem
escusa, e assim eles são
justamente condenados.
Embora uma pessoa tenha um conhecimento inato da
existência e dos atributos de Deus,
e o universo criado sirva como um lembrete constante, a
revelação geral é insuficiente
para conceder conhecimento salvífico de Deus e de
informação impossível de ser assim
obtida. Assim, Deus revelou o que Lhe agradou nos mostrar
através da revelação verbal
ou proposicional – isto é, a Escritura. Essa é a sua
REVELAÇÃO ESPECIAL. Através dela,
ganha-se informação rica e precisa concernente a Deus e
às suas coisas. É também
através da Escritura que uma pessoa pode obter um
conhecimento salvífico de Deus.
Uma pessoa que estuda e obedece a Escritura ganha
salvação em Cristo:
Quanto a você, porém, permaneça nas coisas que aprendeu e
das quais tem
convicção, pois você sabe de quem o aprendeu. Porque
desde criança você
conhece as Sagradas Letras, que são capazes de torná-lo
sábio para a salvação
mediante a fé em Cristo Jesus. (2 Timóteo 3:14-15)
O conhecimento de Deus é também possível somente porque
ele fez o homem à sua
própria imagem, de forma que há um ponto de contato entre
os dois, a despeito da
transcendência de Deus. Animais ou objetos inanimados não
podem conhecer a Deus
como o homem, mesmo se lhes fosse dada sua revelação
verbal.
Deus preferiu nos revelar informação através da Bíblia –
em palavras, ao invés de
imagens ou experiências. A comunicação verbal tem a
vantagem de ser precisa e
acurada, quando propriamente feita. Visto que esta é a
forma de comunicação que a
Bíblia assume, um sistema teológico digno deve ser
derivado de proposições
encontradas na Bíblia, e não de quaisquer meios de
comunicação não-verbais tais como
sentimentos ou experiências religiosas.
Ora, todo sistema de pensamento parte de um princípio primeiro,
e usa o raciocínio
dedutivo ou indutivo, ou ambos, para derivar o restante
do sistema. Um sistema que usa
raciocínio indutivo não é confiável e desbanca para o
ceticismo, 4 visto que a indução é
sempre uma falácia formal, que freqüentemente depende de
informação empírica, e
produz conclusões universais a partir de
particularidades. A certeza absoluta vem
somente de raciocínio dedutivo, nos quais
particularidades são deduzidas de
universalidades por necessidade lógica.
Contudo, visto que o raciocínio dedutivo nunca produz
informação que já não esteja
implícita nas premissas, o princípio primeiro de um
sistema dedutivo contém todas as
informações para o resto do sistema. Isto significa que
um princípio primeiro por
demais estrito não conseguirá produzir um número
suficiente de proposições para
providenciar aos seus partidários uma quantidade
significativa de conhecimento. Assim,
indução e princípio primeiro inadequados tornam ambos
impossível o conhecimento.
Mesmo que um primeiro princípio pareça ser amplo o
suficiente, devemos providenciar
justificativa para afirmá-lo. Sua justificação não pode
vir de uma autoridade ou
princípio mais altos, porque então ele não seria o
primeiro princípio ou a autoridade
última dentro do sistema. Uma autoridade ou princípio
menor dentro de um sistema não
pode verificar o primeiro princípio, visto que é deste
próprio princípio primeiro que esta
autoridade ou princípio menor depende. Portanto, um
primeiro princípio de um sistema
de pensamento deve ser auto-autenticador – ele deve
provar a si mesmo verdadeiro.
A autoridade última dentro do sistema cristão é a
Escritura; portanto, nosso princípio
primeiro é a infalibilidade bíblica, ou a proposição, “A
Bíblia é a palavra de Deus”.
Embora haja argumentos convincentes para apoiar um tal
princípio mesmo se alguém
fosse empregar métodos empíricos, de forma que nenhum
incrédulo poderia refutá-los,
o cristão deve considerá-los como inconclusivos, visto
não serem os métodos empíricos
confiáveis. 5 Além do mais, se fôssemos depender da
ciência ou de outros
procedimentos empíricos para verificar a verdade da
Escrituras, estes testes
permaneceriam então como juízes sobre a própria palavra
de Deus, e assim, a Escritura
não mais seria a autoridade última em nosso sistema. 6
Como Hebreus 6:13 diz,
“Quando Deus fez a sua promessa a Abraão, por não haver
ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo”. Visto que Deus
possui autoridade última, não há nenhuma
autoridade maior pela qual alguém possa pronunciar a
Escritura como infalível.
Entretanto, nem todo sistema que reivindica autoridade
divina tem dentro do seu
princípio primeiro o conteúdo para provar a si mesmo. Um
texto sagrado pode
contradizer a si mesmo, e auto se destruir. Outro pode
admitir a dependência da Bíblia
cristã, mas por outro lado, essa condena todas as outras
alegadas revelações. Ora, se a
Bíblia é verdadeira, e ela reivindica exclusividade,
então todos os outros sistemas de
pensamento devem ser falsos. Portanto, se alguém afirma
uma cosmovisão não-cristã,
ele tem de, ao mesmo tempo, rejeitar a Bíblia.
Isto gera um confronto entre as duas cosmovisões. Quando
isto acontece, o cristão pode
estar confiante que seu sistema de pensamento é
impenetrável aos ataques alheios, e que
o próprio sistema bíblico fornece o conteúdo para tanto
defender como atacar em tais
embates. O cristão pode destruir a cosmovisão de seus
oponentes questionando o
princípio primeiro e as proposições subsidiárias do
sistema. O princípio primeiro do
sistema se contradiz? Ele falha em satisfazer aos seus
próprios requerimentos?7 O
sistema se desmorona por causa de problemas fatais de
empirismo e indução? As
proposições subsidiárias contradizem uma a outra? Ele se
apropria de premissas cristãs
não dedutíveis de seu próprio primeiro princípio?8 O
sistema dá respostas adequadas e
coerentes para as questões últimas, tais como aquelas
concernentes à epistemologia,
metafísica e ética?
Para repetir, o princípio primeiro do sistema cristão é a
infalibilidade bíblica, ou a
proposição, “A Bíblia é a palavra de Deus”. Deste
princípio primeiro, o teólogo põe-se a
construir um sistema de pensamento inclusivo baseado na
revelação divina infalível.
Até onde este raciocínio é correto, toda parte do sistema
é deduzido por necessidade
lógica do princípio primeiro infalível, e é, assim,
igualmente infalível. E, visto que a
Bíblia é a revelação verbal de Deus, que requer nossa
adoração e comanda nossa
consciência, um sistema de teologia deduzido com validade
lógica é autorizado e
obrigatório. Portanto, até onde este livro for acurado na
apresentação do que a Escritura
ensina, seu conteúdo resume o que todos os homens devem
crer, o que os cristãos estão
comprometidos a crer, e o que é objetivamente verdadeiro.
A NECESSIDADE DE TEOLOGIA
A teologia é necessária não somente para as atividades
cristãs, mas também para tudo
da vida e do pensamento. Visto que Deus é tanto máximo
quanto onipotente, ele tem o
direito e a capacidade de dirigir todos os aspectos das
nossas vidas. A teologia procura
entender e sistematizar sua revelação verbal, e é
autorizada até onde ela reflete o ensino
da Escritura. A necessidade de teologia é uma questão da
necessidade de comunicação
de Deus. Visto que este é o seu universo, a fonte
derradeira de informação e
interpretação de tudo da vida e do pensamento é a
revelação divina. E, visto que é
preciso ouvir de Deus, a teologia é necessária.
A teologia é central para tudo da vida e do pensamento,
porque ela trata com a
revelação verbal do supremo ser — a realidade essencial
que dá existência e significado
a tudo. Por exemplo, a ignorância de teorias musicais não
tem relevância direta para
com a habilidade de alguém mexer com álgebra ou raciocinar
sobre assuntos morais.
Contudo, a ignorância com respeito à revelação divina
afeta tudo da vida e do
pensamento, desde a visão de alguém da história e da
filosofia, até a interpretação da
música e literatura, e o entendimento de matemática e da
física.
Visto que este é o universo de Deus, somente sua
interpretação sobre tudo está correta, e
ele revelou seus pensamentos para nós através das
palavras da Bíblia. Segue-se,
portanto, que uma ignorância da teologia significa que a
interpretação de alguém de
cada assunto carecerá do fator definitivo que ponha nessa
a perspectiva correta. Na área
de éticas, por exemplo, é impossível apresentar qualquer
princípio moral universalmente
obrigatório, sem recorrer a Deus. Até os conceitos de
certo e errado permanecem
indefinidos sem sua revelação verbal. E, visto que a
Bíblia é a única revelação divina
objetiva e pública, o único modo de se recorrer à
autoridade de Deus é apelando à
Bíblia.
Uma das maiores razões para se estudar teologia é o valor
intrínseco do conhecimento
sobre Deus. Cada outra categoria de conhecimento é um
meio para um fim, mas o
conhecimento de Deus é um fim digno em si mesmo. E, visto
que Deus Se revelou
através da Escritura, conhecer a Escritura é conhecê-lo,
e isto significa estudar teologia.
Sucumbindo ao espírito anti-intelectual desta geração,
alguns crentes distinguem entre
conhecer a Deus e conhecer sobre Deus. Se “conhecer
sobre” ele se refere ao estudo
formal da teologia, então, para eles, alguém pode saber
muito sobre Deus sem conhecêlo,
e alguém pode conhecer a Deus sem conhecer muito sobre
Ele. Um conhecimento
teológico de uma pessoa é desproporcional a quão bem ela
conhece a Deus.
Mas, se é possível conhecer a Deus sem conhecer muito
sobre ele, o que significa
conhecer a ele? Se conhecer a Deus significar ter
companheirismo com ele, então, isso
envolve comunhão, que, conseqüentemente, requer a troca
de pensamento e conteúdo
intelectual, dessa forma, trazendo de volta o conceito de
conhecimento sobre algo. Uma
pessoa não pode se comunicar com outra sem trocar
informação na forma de
proposições, ou de uma maneira na qual a informação
conduzida seja redutível a
proposições.
Como alguém conhece a Deus, senão através de conhecer
sobre ele? Alguém pode
responder que conhecemos a Deus através de experiências
religiosas, mas até isso é
definido e interpretado pela teologia, ou conhecimento
sobre Deus. O que é uma
experiência religiosa? Como alguém sabe que a recebeu? O
que um sentimento ou
sensação particular significa? Respostas para estas
questões podem somente vir pelo
estudo da revelação verbal de Deus. Mesmo se fosse
possível conhecer a Deus através
da experiência religiosa, o que a pessoa ganha ainda é um
conhecimento sobre Deus, ou
uma informação intelectual redutível a proposições.
Alguém pode reivindicar conhecer a Deus através da oração
e da adoração. Mas, tanto o
objeto como a prática da oração e da adoração permanecem
indefinidos até que esta
pessoa estude teologia. Antes de poder orar e adorar, ela
deve primeiro determinar a
quem ela deva oferecer isso. Subsequentemente, ela deve
determinar, a partir da
revelação bíblica, o modo no qual ela deve oferecer
oração e adoração. A Escritura
governa cada aspecto da oração e da adoração. O
conhecimento de Deus, portanto, vem
de sua revelação verbal, e não de meios ou exercícios
religiosos não-verbais. A maioria
das pessoas que resiste aos estudos teológicos não pensa
sobre tais questões, mas são
capazes de orar e adorar, assumindo, freqüentemente sem
garantia, o objeto e a maneira
destas práticas espirituais.
Todavia, outra pessoa pode dizer que conseguimos conhecer
a Deus por andar em amor.
Mas, novamente, o conceito de amor permanece indefinido
até que ela estude teologia.
Até o relacionamento entre conhecer a Deus e andar em
amor origina-se na Bíblia:
Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de
Deus. Aquele que ama
é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não
conhece a Deus,
porque Deus é amor (1 João 4:7-8).
Sem essa e outras passagens similares na Bíblia, não se
pode justificar a reivindicação
de que conhecer a Deus é andar em amor. Muitos que alegam
conhecer a Deus através
de um andar em amor, não estão fazendo nada além de serem
bondosos para com os
outros, com uma bondade definida pelas normas sociais, e
não pela Escritura. Estes
indivíduos não possuem nada mais do que uma ilusão de
conhecer a Deus.
Uma vez que uma pessoa tenta responder às questões acima
sobre como alguém chega a
conhecer a Deus, ela está fazendo teologia. O assunto,
então, torna-se o seguinte: sua
teologia é correta? Portanto, teologia é inevitável.
Enquanto que uma teologia errônea
leva a um desastre espiritual e prático, uma teologia
acurada conduz a uma adoração
genuína e a um viver piedoso.
Um slogan que reflete a atitude anti-intelectual de
muitos cristãos, diz: “Dê-me Jesus,
não exegese”. Contudo, é a Escritura que nos dá
informação sobre Jesus, e é através da
exegese bíblica que averiguamos o significado da
Escritura. Sem exegese, portanto,
ninguém pode conhecer Jesus. Deve-se apenas testar essa
afirmação questionando
aqueles que dizem tais coisas, com este slogan, sobre o
que eles sabem sobre Jesus? Na
maioria das vezes, sua versão de Jesus não se parece, nem
remotamente, com o relato
bíblico. Isto significa que eles não o conhecem de forma
alguma, sem falar de outros
tópicos teológicos importantes, tais como infalibilidade
bíblica, eleição divina e governo
de igreja. O que temos de dizer é: “Dê-me Jesus através
da exegese”.
Um repúdio à teologia é também uma recusa de conhecer a
Deus por meio do modo por
ele prescrito. O conhecimento da Escritura — conhecer
sobre Deus ou estudar teologia
— deve estar cima de tudo da vida e pensamento humano. A
teologia define e dá
significado a tudo que alguém possa pensar ou fazer. Ela
está cima de todas as outras
necessidades (Lucas 10:42); nenhuma outra tarefa ou
disciplina se aproxima dela em
significância. Portanto, o estudo da teologia é a
atividade humana mais importante.
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1 Robert L. Reymond, A
New Systematic Theology of the Christian Faith; Nashville, Tennessee: Thomas
Nelson, Inc.; p. 396. Lemos na NVI assim: “Os céus
declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a
obra das suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma
noite o revela a outra noite. Sem discurso nem
palavras, não se ouve a sua voz.”.
2 “Sua realidade invisível — seu eterno poder e sua
divindade — tornou-se inteligível, desde a criação do
mundo, através das criaturas, de sorte que não têm
desculpa” (v. 20, Bíblia de Jerusalém).
3 “Quando então os gentios, não tendo Lei, fazem
naturalmente o que é prescrito pela Lei, eles, não tendo
Lei, para si mesmo são Lei; eles mostram a obra da lei
gravada em seus corações, dando disto
testemunho sua consciência e seus pensamentos...” (v.
14-15, Bíblia de Jerusalém).
4 A posição auto-contraditória de que o conhecimento é
impossível.
5 Veja meus outros escritos que mostram como os métodos
científicos e empíricos de investigação
impedem a descoberta da verdade.
6 Como uma menor parte de sua estratégia apologética, o
cristão pode empregar argumentos empíricos
para refutar objeções de incrédulos, que freqüentemente
reivindicam se apoiar em dados empíricos.
Todavia, os argumentos mais fortes para o Cristianismo
não dependem de raciocínio empírico ou
indução, que são fatalmente defeituosos. Em outro livro
argumento que o empirismo faz com que o
conhecimento seja impossível.
7 Por exemplo,
um princípio que declara que toda afirmação deve ser empiricamente verificada
não pode
ele mesmo ser
empiricamente verificado. O princípio se auto-destrói.
8 Para maior
informação sobre indução e dedução, empirismo e racionalismo, princípio
primeiro,
cosmovisões, e
como defender a fé cristã, ver Ultimate Questions, Presuppositional Confrontations,
e The
Light of Our Minds, de Vincent Cheung.
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