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domingo, 6 de agosto de 2017

Sobre o perdão

Que Deus possa tocar nossas almas com essas palavras:
"E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes".Lucas 23:34
Perdão,palavra difícil de ser aplicada,o ser humano tem imensa dificuldade em perdoar.Mas o que seria o perdão? Seria apenas desistir,seria esquecer,fingir que não doeu? Como acontece o perdão? Acontece em um estalar de dedos,algo que brota em nosso íntimo em um instante?
Particularmente,não creio que seja tão simples e rápido,existe todo um processo que envolve o perdoar,e esse processo é muito mais doloroso,diria,quase que impossível,quando não temos por base o perdão ao qual fomos submetidos da parte de Deus. Todo o processo da narrativa bíblica sobre a vida e sacrifício de Jesus na cruz,nos dizem diariamente que no muito fomos perdoados. É evidente nos relatos que Deus nos olhou não com a intenção de condenação,mas com íntima compaixão,benevolência e amor.
Nessa reflexão,não tenho a intenção de falar apenas do perdão divino,quero falar do perdão nos relacionamentos humanos. Por que é tão difícil para o homem perdoar? Reflita em seu íntimo.
A narrativa de Lucas 23 nos mostra que Jesus, após ter sido pregado na cruz,diz "Pai,perdoa-lhes,porque não sabem o que fazem". Depois de ter sido preso,julgado como criminoso por um tribunal corrupto,torturado,desprezado pelo povo,abandonado pelos discípulos,Ele faz uma súplica que nos ajuda a entender e nos inspira perdoar nossos agressores,talvez você ainda não tenha entendido a grandiosidade do que estou falando,mas a verdade é que todos temos inúmeras limitações que nos aprisionam.
Lembra-se daquele dia em que você se envolveu em uma discussão áspera com seu pai e a partir de então nunca mais se falaram? Trago a memória novamente as palavras de Jesus: "Perdoa-lhes,porque não sabem o que fazem"
Lembra-se da briga com seu irmão(a),briga essa que resultou em afastamento,mágoas,feridas que não cicatrizam? Novamente trago a memória as palavras de Jesus: "Perdoa-lhes,porque não sabem o que fazem"
Lembra-se da traição conjugal a que foi submetido? "Perdoa-lhes,porque não sabem o que fazem"
Lembra-se de amigo que no momento mais envolto em trevas de sua vida lhe abandonou? "Perdoa-lhes,porque não sabem o que fazem"
São tantas as aplicações onde esses dizeres se encaixam,tantas situações. Quem aqui nunca magoou ou foi magoado? Quantas vezes somos nós os que necessitam do perdão do próximo,e cabe aqui, esses mesmos dizeres "Perdoa-lhes,porque não sabem o que fazem"
Seu pai não sabia o que estava fazendo,sua mãe não sabia,seu irmão,seu amigo,seu opressor não sabia o que estava fazendo.As limitações,as prisões (espirituais,intelectuais,psicológicas) a que estão submetidos e não conseguem se libertar. Tenho plena convicção de que não existe libertação maior para essas prisões do que o seu perdão. O seu perdão pode vir a ser a maior liberdade que essas pessoas encontrarão em suas vidas. Nesse perdão existe a manifestação da generosidade divina,essa mesma generosidade que um dia nos alcançou,antes mesmo que houvesse mundo,antes mesmo de toda criação vir a existir,o Deus de amor e misericórdia decretou que o meu,o seu perdão estaria decretado na cruz do Calvário.
Reflita o caráter,reflita as atitudes,seja instrumento de Deus para libertar esses cativos. Deus nos manda amar,porque Ele é amor,Deus nos manda perdoar,porque Ele nos perdoou primeiro. Não tenho dúvidas que Deus nos perdoa 70X7. Deus sempre está disposto a nos perdoar,nós também devemos estar,nós também devemos refletir esse caráter de amor.
Seu perdão é real? Como você tem olhado o seu agressor? Diante da prece que Jesus fez na cruz,a conclusão óbvia a que chegamos sobre o perdão,está em olhar o agressor com compaixão. Você terá perdoado quando olhar seu agressor com compaixão e amor.
Diante da chamada de termos que perdoar nossos ofensores,façamos como o apóstolo Pedro,imploremos ao Senhor misericordioso mais fé. A fé nos fará refletir mais e mais a nossa filiação com Deus. Não existe o deus do olho por olho ou dente por dente,existe o Deus misericordioso que ama e perdoa,e nós dizemos ser filhos desse Pai amoroso,espalhemos pois a misericórdia e o perdão.
Que Deus em Cristo possa nos abençoar
Roger Sola Gratia

terça-feira, 17 de novembro de 2015

O aroma da vida



II Coríntios 2.14
"Mas graças a Deus, que sempre nos conduz vitoriosamente em Cristo e por nosso intermédio exala em todo lugar a fragrância do seu conhecimento;"


Dias atrás,estive em um culto público onde tive a oportunidade de ministrar a Palavra de Deus.Antes da ministração da Palavra,foram convocadas algumas pessoas para intercederem pela comunidade.Um a um,dirigiram-se a frente e oraram na presença de todos os que se encontravam ali.O que mais me chamou a atenção foi o momento em que um homem,depois soube que era um recém convertido,foi a frente e ali fez uma oração digna de contos de fadas dos filmes da Disney. Expulsou demônios,decretou curas,prosperidade,convocou anjos,tudo parecia ter uma aura mágica,era um abra-cadabra,onde somente o mago Merlyn seria capaz de realizar algo naquela magnitude fictícia.

Sei perfeitamente que em sua inocência,o homem não tem culpa alguma,e a própria Palavra de Deus nos diz que Deus não leva em conta o tempo em que agimos por ignorância,mas o fator fundamental de ter relatado esse acontecimento,é justamente sobre a visão que as pessoas trazem em si sobre o que é o evangelho moderno.As pessoas encaram o evangelho como passe de mágica,onde curas devem ser instantâneas,as pessoas devem ser prósperas,os anjos são praticamente nossos empregados,vivem 24h00 a atender nossos deleites,tudo,nessa forma de ver o evangelho,gira em torno da positividade,até mesmo as palavras precisam ser confessadas de forma positiva.

Como sempre tem sido,o momento da ministração da Palavra,trouxe uma verdadeira ducha de água fria,procuro sempre fazer com que as pessoas sejam trazidas ao mundo real,deixem o faz de conta de lado e encarem a realidade de um mundo que agoniza,carente da manifestação dos filhos de Deus.O sermão convocou a todos para a integridade moral e sobriedade espiritual em meio a uma nação corrupta e que se torna cada vez mais avessa a mensagem da cruz,graças a tantos mal exemplos dos homens considerados "santos".

Claro que não preciso dizer que para 50 % dos que se encontravam ali,a mensagem foi considerada "fria","sem unção",esperavam algo mais do pregador/teólogo naquela ministração,onde foi parar o abra cadabra,a aura mágica,o conto de fadas que até então se fazia presente na reunião?

Diante do acontecido,dediquei alguns momentos de minha semana para observar a quantas andam o evangelho moderno,ouvi rádio,vi programas considerados populares na TV,entrei em sites.Para minha decepção,fiquei traumatizado com tudo que vi e ouvi,jurei a mim mesmo que nunca mais veria ou ouviria tais programas,o sono fugiu de mim,uma angustia tomou conta de meu ser,o que fizeram do evangelho?

O sermão,a mortificação,a cruz,deu lugar a testemunhos eletrizantes,os programas de TV giram em torno disso,fazem dos testemunhos a alma de sua propaganda ou do negócio. Aproveitando que tais testemunhos sempre giram em torno do que deu certo,aproveitam e vendem suas relíquias,pedem doações,envolvem as pessoas naquela aura mágica,onde não contribuir acaba por gerar conflitos psicológicos dentro da própria pessoa,que, para desencargo de consciência,acaba contribuindo,afinal,a obra precisa continuar.

Mas,e os casos que não deram certo? E as pessoas que não conseguiram um testemunho vitorioso para contar? Por que não são ouvidas? Nem vão ser ouvidas,não vão ser mostradas,seria a ruína do negócio!

Os programas de rádio não ficam atrás,geralmente são programas que giram em torno dos 30 minutos diários,onde 25 desses minutos são dedicados a pedir dinheiro para a manutenção dele no rádio.Em troca da contribuição são oferecidas orações,promessas das mais diversas como curas,empregos,prosperidade e etc.Sem contar o tempo em que o locutor se dedica a falar em línguas tão estranhas que duvido que algum ser celestial as conheça.

Depois de tudo isso que tive a infelicidade de ver e ouvir,uma tristeza muito grande tomou conta de minha alma,foi uma semana difícil,realmente abatido,fui buscar abrigo no único lugar onde eu poderia me refugiar,na Palavra de Deus.Foi a melhor coisa que eu poderia ter feito,Deus estava ali,pronto a me encorajar para a caminhada,me senti como Elias,quando,após terremotos,vendavais e muito fogo,teve a oportunidade de ouvir a voz do Altíssimo em forma de um vento suave,vento que acalma a alma.

O texto que fez parte de meu devocional foi esse de II Coríntios,nele fui confortado e exortado a continuar sendo vida para quem precisa de vida.Talvez,você se sinta nessa mesma situação ao qual me senti,sente tremendo desânimo e dor ao ver que negociadores da Palavra de Deus,fazem tudo o que lhes é possível para obter lucro e continuar com seus impérios, conseguidos a base de muita mentira e má fé.Impérios que parecem imunes a qualquer intervenção judicial,pois atuam no âmbito da fé,e até a constituição brasileira os protegem.

Nesse contexto de II Coríntios,Deus nos convoca a continuarmos a ser o aroma de Cristo para Deus e para os que estão sendo salvos. Para esses que estão se perdendo,sempre teremos o cheiro de morte,seremos frios e sem a tal da unção (versículos 15,16) afinal,jamais negociaremos o Evangelho da cruz,a nossa palavra sempre será a de necessidade de mortificação.No Evangelho da cruz,diferente do evangelho moderno,nós sempre perderemos,pois fomos ensinados a repartir e não a conquistar. No Evangelho da cruz,somos ensinados a carregar a cruz,e somente um sentenciado a morte carrega a sua cruz,isso é mortificação,só quem morre na cruz o faz na intenção de esquecer-se a si mesmo,entrega-se a outros para que eles tenham vida.

Dou graças a Deus por nossas vidas,pelas quais nos conduz,parafraseando o texto áureo,vitoriosos em Cristo,exalando o aroma da vida a qual somente o Evangelho da cruz pode nos conduzir pelo caminho.Continue a ministrar sobriedade e vida,Deus nos convoca a sermos seus enviados,enviados a um mundo que carece de nossa manifestação.

Roger Sola Gratia

domingo, 15 de novembro de 2015

Um deus morto


I João 4.8
"Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor."


Foi com muito pesar e comoção que o mundo acompanhou os acontecimentos de ontem (13/11/2015) em Paris.Diversos atentados terroristas sacudiram a capital francesa,homens bombas explodiram-se a si mesmos,visando causar o maior número de mortes possíveis.Homens munidos de fuzis,atacaram diversos pontos,entre eles,casas de entretenimento,restaurantes,estádios de futebol e etc. Até o momento,mais de 150 vitimas já foram confirmadas,tudo isso girando em torno do que acreditam ser uma "guerra santa",denominam-se soldados de deus tais combatentes,e me pergunto se por um acaso um deus que se julga tão poderoso precisa de defensores ou soldados?

Não é de hoje que os homens fazem guerras em torno de suas religiões,a história nos mostra isso,sempre foi assim,sempre houve a necessidade insana de fazer prevalecer a "fé" através da espada. Homens rudes,sem afeição por ninguém,sempre mancharam as páginas dos livros de história ou manchetes de jornais com sua sede diabólica por sangue,e sempre divinizaram tal sede,como se fossem os enviados por tal divindade para trazer justiça a causa de sua fé.

Os motivos por tais atentados são os mais diversos,variam desde a morte dos infiéis,charges satíricas de seus ícones,represálias políticas e etc. Ninguém é poupado,não se importam com crianças,não respeitam aos idosos,não aceitam o diálogo,apenas a sede incontrolável pelo sangue derramado move tais pessoas rumo ao objetivo a ser alcançado.

Claro que seria muita hipocrisia atribuir essa sede de sangue somente aos fundamentalistas islâmicos,nós mesmos somos ícones da maldade com nossos semelhantes,e não quero nem vaguear em reflexões sobre o que as grandes potências tem feito com seu poder e influência,quero falar sobre a nossa realidade,o que vivemos no Brasil.

Os atentados ao ser humano também acontecem no Brasil,não são com bombas,não empunham fuzis,mas se denominam soldados de deus.São defensores do que chamam de "família",suas fardas são o terno e a gravata,sua arma para realizar tais atentados é a caneta esferográfica. Com essa arma,assinam decretos,determinam leis,subtraem direitos civis das mais variadas minorias,e espantosamente,carregam livros religiosos nas mãos durante suas reuniões comunitárias.Falam constantemente do amor que seu deus tem por todos,afinal são obrigados a isso,está escrito no livro que carregam.Só que não refletem a imagem desse deus que dizem representar.

Veja a que ponto chegam; dizem amar a comunidade homossexual em nome de seu deus,mas não lutam por políticas públicas que demonstrem esse amor. Nisso,me pergunto: Existe amor sem justiça?

Talvez alguém argumente que lutar por justiça junto a causa homossexual seria antibíblico,que isso é abominável a Deus,que tal prática é pecaminosa e etc. Mas esquecem que o casamento é um sacramento da Igreja e nisso o Estado não pode interferir,não pode determinar quem casa ou não,o Estado existe para garantir os direitos das pessoas no âmbito civil,e a nossa falta de amor,movida por um "Q" de fundamentalismo religioso,nos move a fazermos atentados dignos de terroristas contra os direitos de tais pessoas.Nisso, o conflito persiste,começam a surgirem combatentes extremistas de ambos os lados,está armado o ambiente de ódio Bíblia X Homossexualismo. Os atentados começam a surgir de todos os lados,bancada da Bíblia com sua cura gay,padrões morais ditos cristãos e ativistas homossexuais nus invadindo celebrações religiosas,pichando fachadas de templos e masturbando-se e vias públicas com crucifixos em jornadas religiosas

Citei apenas um único exemplo do que acontece quando o fundamentalismo religioso toma o lugar do que deveria ser a imagem do Deus de amor,poderia citar tantos outros, poderia citar a falta de cumprimento do dever bíblico de cuidarmos dos órfãos e doentes,a inoperância da Igreja em suas comunidades quanto a creches,escolas,visitas,aconselhamentos e etc.

Toda forma de omissão da manifestação do caráter Divino sempre será um atentado contra a vida,e quem sofre com isso sempre será o próximo,pois onde não existe a prática do amor sempre haverá derramamento de sangue,e o fundamentalismo em que vivemos nos dias atuais nos carrega rumo a violência física e psicológica.

O texto Bíblico escrito por João nos remete a reflexão do que é o amor,nos mostra que o amor não pode ser apenas por palavras e convencimento filosófico,tem que ser prático,no dia a dia. A melhor maneira de mostrarmos que amamos é lutando pela vida,por direitos,pela liberdade,pela educação,por melhorias comunitárias,tais lutas mostram qual caráter temos,são elas que farão refletir em nós o caráter de Deus,elas mostrarão que somos conhecedores e conhecidos de Deus,pois em forma de amor,manifestaremos as práticas de Deus.

O Evangelho de Cristo,nosso Deus,nunca precisou de defensores,quem precisa de defensores é um deus morto.O Evangelho da cruz sempre nos convocou a proclama-lo,nunca a defende-lo,a maior prova disso é que as conversões não dependem de nossa oratória ou habilidade teológica,mas sim da atuação do Espírito Santo,somos apenas instrumentos de proclamação das boas novas.

Aqueles homens que ontem causaram tanta dor e morte,obviamente defendiam a um deus morto,os homens de terno e gravata que determinam leis demoníacas,acreditando estarem impondo princípios cristãos,também defendem a um deus morto.Nós,que proclamamos e acreditamos no amor de Deus,temos o dever de fazer com que esse amor seja manifesto por nossas obras,não para defesa de nosso Deus,pois Ele é Eterno e não precisa disso,sua Palavra resistiu a impérios trevosos e nunca sucumbiu,mas sim,por sermos conhecedores e conhecidos de Deus.

Roger Sola Gratia

sábado, 31 de outubro de 2015

Reforma para a vida


Romanos 1.17
Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: "O justo viverá pela fé".


Há 498 anos,o monge agostiniano,Martinho Lutero,questionava abertamente com suas 95 teses a teologia adotada por Johann Tetzel,um famoso vendedor de indulgências.Apoiada pelo Papa Leão X,as indulgências serviam como perdão plenário para quem doasse qualquer quantia para a reforma da Basílica de São Pedro.

Ao se opor as indulgências,Lutero se opunha a ideia de que o homem poderia confiar em qualquer meio humano para que conseguisse o perdão dos seus pecados,fica claro que era defendida pelo monge a confissão e o arrependimento verdadeiro para que o homem alcançasse o perdão de seus pecados.

Não quero nesse texto entrar na velha briga,a meu ver, fundamentalista,entre católicos e evangélicos,passo longe de tal intento,quero trazer a nossas memórias momentos onde precisamos de uma reforma de cunho pessoal em nossas vidas,sejam espirituais ou físicas.

Todos nós,em algum momento,teremos que mudar de atitudes,pensamentos e opiniões.É óbvio que toda evolução espiritual,social e pessoal,passam pelo crivo de muitas mudanças de atitudes/pensamentos.Todos,sem exceção,mudamos de ideia,mudamos de hora para outra o rumo de nossas vidas,isso faz parte da evolução pessoal que todos devemos passar ao longo dos anos.Mas e quando nos apegamos aos velhos erros/comportamentos e mesmo assim,queremos resultados novos,diferentes?

É óbvio que resultados novos não virão,as práticas continuam sendo práticas antigas,que só servem para enganarmos a nós mesmos,e cultivarmos ante nossa teimosia,conflitos e distanciamentos.

Assim somos nós,em todos os sentidos,a reforma,a mudança, se faz necessária em todos os níveis de nossas vidas .Exigimos coerência moral e fim da corrupção política,mas somos agentes corruptores nos mais ínfimos detalhes,estamos sempre dispostos a conseguir de alguma forma,uma vantagem,não importa o quão pequena seja.Desde o carro que trafega pelo acostamento para fugir do engarrafamento ao cidadão que,sem necessidade alguma,escolhe a vantagem da fila preferencial no banco ou qualquer outra repartição

Fisicamente,quantos de nós estamos mal de saúde,com muitos quilos acima do peso,pressão arterial ruim,imunidade baixa e etc? De que adianta sabermos dos riscos a saúde se a gordura da picanha ainda nos atrai mais que a caminhada? De que adianta sabermos que o refrigerante traz malefícios a saúde se ainda nos vemos tomando 2 litros de refrigerante diariamente? E ainda temos a capacidade, comparada a proporções farisaicas, de apontar o dedo a quem bebe vinho ou qualquer outro tipo de bebida alcoólica,quando nós mesmos estamos atolados na destruição de nossos corpos através dos péssimos hábitos alimentares e sedentários que cultivamos.

Espiritualmente,ainda acreditamos que podemos "comprar" favores Divinos com nosso dizimo, oferta ou relances de bons atos,quantos revoltosos já presenciei nessa vida,reclamando a plenos pulmões que faziam tudo de forma certa,mas mesmo assim Deus não os favorecia.Pobres almas que carregam sobre si muitas dores por não conseguirem entender que o evangelho fala de cruz e mortificação.Ainda creditam poderes miraculosos a relíquias e auras mágicas ao salmo 91,campanhas são o combustível que os move,testemunhos eletrizantes são o que os faz permanecer cada vez mais mortos espiritualmente.

Há 498 anos,um homem sentiu a necessidade de mudança na atitude do clero,diz a história que o texto de Romanos 1.13 foi o fator encorajador para tal sentimento.Hoje,o mesmo texto nos encoraja a uma reforma de vida,seja espiritual,social ou pessoal.Ser um justo e viver pela fé,implica em cuidarmos de tudo que nos diz respeito,a começar por nós mesmos.Temos o dever para com nossos queridos que nos rodeiam,de cuidarmos de cada área de nossas vidas,evitando assim,o choro pela reforma que um dia deveríamos ter feito em nossa vida pessoal.O que fazemos hoje dirá o que seremos e enfrentaremos amanhã,corpo são hoje,saúde forte amanhã.Integridade moral hoje,fim da corrupção amanhã.Espiritualmente sólido hoje,salvo amanhã

A reforma é para toda a vida,para todos os dias

Roger Sola Gratia

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Tudo posso naquele que me fortalece




Filipenses 4.13
"Tudo posso naquele que me fortalece. "

É muito comum eu me pegar refletindo sobre a carta de Paulo aos Filipenses,da prisão,Paulo escreve de forma emocionada e encorajadora,rogando que a Igreja seja unida de forma constante.O Capítulo 4 nos mostra que Paulo entendia que o contentamento para com esta vida é uma atitude aprendida,sendo assim,ele aprendeu a estar satisfeito em qualquer situação,boa ou ruim,pois em Deus,ele encontrava seu maior conforto e alegria.

Assim como Paulo,temos nossos bons e maus momentos,fartura e escassez,tribulações e bênçãos,e é feliz aquele que sabe estar contente em todo e qualquer momento,essa adaptação é uma grande providência divina sobre nossas vidas.Dentro de nossas necessidades pessoais,com Cristo,temos tudo que precisamos para lidar com isso.

No entanto,esse é um dos versículos em que vejo grandes erros de interpretação,creditam esse texto a testemunhos eletrizantes,claro, de forma isolada ao seu contexto,conseguem de forma triunfalista,transmitir aquilo que o texto não diz.Uma leitura responsável do texto nos mostrará que Paulo fala de necessidades físicas,como comida e moradia.

Voltando a realidade do texto,essa também é uma epístola da alegria,por diversas vezes Paulo utiliza-se do verbo alegrar-se e regozijar ,me perco em pensamentos ao lembrar que quem exorta os demais a alegrarem-se é um preso.De fato a alegria que Paulo manifestava era a de um homem em paz com Deus,carente de mantimentos,roupas,moradia,abandonado por muitos,mas tendo paz em seu coração,alegrava-se em Deus.

Como é difícil para cada um de nós nos mantermos nessa mesma condição de Paulo,é tão comum estarmos descontentes por pouca coisa,é impossível para um descontente manifestar alegria.Os compromissos,afazeres e preocupações minam qualquer alegria,vivemos,diferente de Paulo,sem habilidades para estar satisfeitos em meio aos cárceres em que nossas almas por diversas vezes se encontram.Alguns acabam por se tornarem poços de amargura,longe de qualquer esperança,não fazem,em muitas ocasiões,nem caso mais de viver.

Passamos em nosso país,por um momento delicado de recessão e desemprego,todos conhecemos muita gente nessa situação,pessoas que perderam a alegria e interesse pelo dia a dia,só quem é um pai de família sabe o sentimento de incapacidade que domina o ser ter que acordar todas as manhãs e não ter um emprego para lá se dirigir.O pior ainda é se sentir impotente em olhar para a dispensa e saber que não existe perspectiva para enche-la.As contas não cessam em chegar,os calçados dos filhos teimam em ficarem pequenos,o telefone insiste em tocar para trazer notícias nada boas em relação as cobranças.O aluguel,esse é o grande vilão,a imobiliária não perdoa.O espírito parece sair do ser,nos tornamos em uma grande casca que parece ser oca,tristes e descontentes.

São pessoas que vivem exatamente a situação financeira em que Paulo vivia,ele não tinha nada,estava em cadeias,dependia de doações desses irmãos localizados na Macedônia,mas emanava alegria e paz com Deus.Algumas vezes,Paulo comparou a vida cristã com a de um atleta que se prepara para a competição,ele sabia que sua corrida exigia uma fase preparatória e quem é atleta sabe o quanto é dolorido o treino diário,realmente dói,dói muito,falo com propriedade de quem se exercita diariamente.

O que quero dizer com isso,é que nem todos os dias são de Sol brilhante sobre nossas vidas,embora queremos viver de dias calmos,existem os dias nublados,chuvosos e até tempestuosos,e são esses os dias que antecedem o canto dos pássaros e o céu azul.São os dias de treino doído que antecedem a medalha desejada,e são momentos de grande conflito e necessidade ao qual vemos a formação do nosso caráter.

O texto é um clamor emocionado para que cada um de nós aprendamos que no pouco ou no muito,estejamos satisfeitos com aquilo com que temos,os Filipenses movidos pela motriz divina foram em auxílio de Paulo e supriram-no naquilo que ele mais precisava.Deus, em sua bondade, também nos suprirá naquilo que precisamos ou necessitamos,seja na abastança ou na escassez,tudo podemos naquele que nos fortalece

Roger Sola Gratia

sábado, 24 de outubro de 2015

Vencendo tempestades sem auto compaixão


Jeremias 12.5
"Se você correu com homens e eles o cansaram,como poderá competir com cavalos? Se você tropeça em terreno seguro,o que fará nos matagais junto ao Jordão?"

Todos nós temos momentos de crise,momentos em que não entendemos de maneira satisfatória tudo que acontece ao nosso redor. E não são poucas as vezes em que culpamos a outros por esses momentos de crise,chegamos ao absurdo de culpar até mesmo a Deus.Quantas vezes já vi pessoas clamando aos quatro ventos a célebre frase "Eu não merecia isso". A verdade é que ninguém está imune as tempestuosidades decorrentes da vida,sejam crises físicas ou dilemas intelectuais,o fato é que essas crises sempre afetam o nosso espiritual.

Jeremias foi uma pessoa que enfrentou diversas crises,chamado por Deus para pregar o arrependimento a nação de Israel,rapidamente ele encontrou duros obstáculos a sua missão,pessoas ficaram ressentidas com a dura mensagem de Jeremias e de maneira muito rápida,procuraram meios para cala-lo.Vendo que essas pessoas que queriam cala-lo prosperavam em seus caminhos,Jeremias entra em seu primeiro momento de crise,chega ao ponto de questionar a justiça de Deus,achando que ela era errada,injusta.Chega a ser um tanto petulante a indagação que Jeremias faz a Deus:

"...Contudo, eu gostaria de discutir contigo sobre a tua justiça.
Por que o caminho dos ímpios prospera?
Por que todos os traidores vivem sem problemas?"

As crises de Jeremias não pararam por ai,no capítulo 15,ao se ver isolado de todos,até mesmo de seus próprios parentes,exclama dolorosamente "Todos me amaldiçoam". Sentia-se sozinho,impotente e fraco a ponto de fazer disso sua reclamação a Deus

Jeremias 15.17
"Jamais me sentei na companhia dos que se divertem, nunca festejei com eles. Sentei-me sozinho, porque a tua mão estava sobre mim e me encheste de indignação."

Tudo isso era motivo de muita dor e tristeza para Jeremias,creio que ele tenha entrado em um estado trágico de aridez espiritual,pois esse mesmo homem havia declarado no Capítulo 2.13 que Deus era para ele "fonte de águas vivas" declara agora no versículo 18:

"Por que é permanente a minha dor, e a minha ferida é grave e incurável? Por que te tornaste para mim como um riacho seco, cujos mananciais falham?"

Deus havia se tornado como um estranho para Jeremias,cheio de crises,mentalmente perturbado,fisicamente esgotado,viver para ele era pura aflição de espírito.

A resposta de Deus a Jeremias surpreende pelo diagnóstico apresentado:

Jeremias 15.19
"...Se você se arrepender, eu o restaurarei para que possa me servir; se você disser palavras de valor, e não indignas, será o meu porta-voz."

Deus mostra a Jeremias que ele reclamava demais,era muito bom em queixar-se e em auto compadecer-se,e o exorta a arrepender-se,pois dessa forma ele havia deixado de ser o porta voz de Deus,havia perdido toda a graça que um dia havia alcançado perante o Criador.

Da mesma maneira,em nada diferente de Jeremias,somo nós,somos pós graduados em auto compaixão,reclamamos exageradamente de tudo,tropeçamos em terrenos considerados seguros e não estamos aptos a competir com cavalos,pois já perdemos dos homens. Temos pouca força,pois não nos preparamos corretamente,somos fracos mentalmente,pois nos acostumamos ao conforto e comodidade.Esse era o diagnóstico de Jeremias,esse também é o nosso diagnóstico.

A mensagem atual do evangelho nos empurra para essa fraqueza e comodismo,o "pare de sofrer" faz parte de nosso subconsciente,por isso não temos respostas quando as tragédias nos alcançam e nos desfalecem.Por isso somos covardes no dia mal,por isso nos calamos diante das injustiças. Não deveria ser normal tolerarmos a corrupção,não deveria ser normal tolerarmos a má administração pública,não deveria ser normal compactuarmos com a burocracia,mas infelizmente se passa por normal,o máximo que fazemos é,em conversas de redes social ou de botequim,ficarmos reclamando uns para com os outros e nunca atacar as causas do problema.

As causas das dores de Jeremias não estavam em Deus,estavam no pecado de uma nação adúltera e corrupta,mas o mais cômodo era culpar a Deus e não ter que ir ao confronto do problema.As causas de nossas dores e fraquezas onde estão? Temos enfrentado de frente ou o conforto de nossas salas acarpetadas nos impedem de atacar para nos conformarmos em auto compadecermos de nós mesmos?

A lição que ficou para Jeremias é a mesma que fica para cada um de nós,Deus nos convoca ao arrependimento,nos mostra que devemos ter palavras de valor,sem auto compaixão,pois se nos rendermos tão rapidamente,como enfrentaremos desafios maiores?

Reflita,medite,Deus certamente o trará a luz de suas respostas

Roger Sola Gratia

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Faremos nós distinção?


Jeremias 13.23
"Será que o etíope pode mudar a sua pele? Ou o leopardo as suas pintas? Assim também vocês são incapazes de fazer o bem, vocês, que estão acostumados a praticar o mal."

  Dias atrás comecei o dia como sempre faço,vou ler as notícias que são manchetes nos principais jornais do Brasil.Um fato me chamou muito a atenção,uma reportagem dizia que um banheiro masculino da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, foi pichado com uma frase racista.A frase é a seguinte:

"Lugar de negro não é no Mackenzie. É no presídio."

Me impressiona o fato,apesar de ser tão comum,que em pleno século XXI o homem ainda repita erros históricos de seu passado,parece que o fator histórico não representa um aprendizado,pelo contrário,fico com a sensação de que ele nem é levado em conta.

Basta sairmos de nossos lares e observarmos o comportamento de algumas pessoas,é muito comum ouvirmos em um tom de brincadeira pejorativo um amigo chamando ao outro de macaco,pessoas denominando um serviço mal feito como "serviço de preto",classificando um mal comportamento como "negrice" e etc.

Confesso aqui que já arrumei algumas discussões em presenciar tais comportamentos,e em sua maioria esmagadora as pessoas ficaram surpresas em ver que elas expressavam uma atitude irresponsável ao proferirem tais palavras,algumas chegaram até mesmo a se desculpar pelo comentário infeliz.

Em meus turbilhões de muitos pensamentos,sou levado a Palavra de Deus,nela percebo que ninguém ali é tratado pela cor de sua pele,em Jeremias 13 vemos o relato de advertência ao qual Deus manifesta a predição de um juízo para com a nação de Israel,Deus os acusa de serem incapazes de fazer o bem,assim como o etíope não poderia mudar a cor de sua própria pele,ou seja,os filhos de Israel estavam afundados na impossibilidade de manifestar boas obras.Exatamente no versículo 23 temos a menção de que o Etíope tinha uma cor de pele diferente,no entanto não o vemos ser tratado por negro,marrom ou qualquer outra cor,isso não tem importância alguma na Bíblia.

Levando em conta a pele diferenciada do Etíope ao qual Jeremias relata,vemos que outros etíopes fizeram parte da história bíblica. Zípora,esposa de Moisés,era uma etíope (Números 12:1) .O eunuco em Atos 8.37 era um etíope.Os etíopes são mencionados em torno de 40 vezes na Bíblia e em nenhuma dessas vezes são especificados pela cor de sua pele.

Por que fazemos tanta questão de separar as pessoas por raças quando a própria Escritura não faz tal distinção? Onde erramos? Por que somos tão segregativos uns para com os outros?

A resposta é simples,porque não levamos as Escrituras a sério,ela é um manual de exemplo e comportamento para o outro e nunca para nós mesmos,nós jogamos toda cobrança de integridade,moralidade,bom comportamento sempre nas costa do outro,mas nós mesmos somos péssimos em praticar aquilo que tanto cobramos nos outros.O diagnóstico que Jesus certa vez fez sobre pessoas assim é a de que são "sepulcros caiados",somos muito bonitos na transmissão da cobrança,mas péssimos exemplos na prática delas,criamos um abismo entre o que falamos e o que vivemos,ou seja,vivemos de aparências.

A verdade contida nas Escrituras é a de que para Deus não existe cor de pele,Deus trata por igual a todos os homens,e cobra de cada um de nós a manifestação desse mesmo caráter.Um dia prestaremos contas a Deus não só pelo que falamos e cobramos,mas principalmente por tudo o que cobrando nos outros,deixamos de fazer nós mesmos

Que as Escrituras sejam o maior exemplo para nossa conduta em relação ao nosso semelhante,Elas não fazem distinção por cor de pele,faremos nós?

Roger Sola Gratia