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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O fim da profecia em Israel

O fim da profecia em Israel
Tércio Machado Siqueira

 A história da profecia em Israel corre paralela à
monarquia. Logo, ela tem muito a ver com a política dos reinos de Israel e Judá.
Também, mostramos que a história bíblica registra a presença de profetas desde os dias
de Saul e Davi.

Todavia, após o exílio babilônico, a profecia cessou no meio do povo bíblico. O
Salmo 74 registra esse acontecimento: Já não vemos os nossos sinais, não há mais
profetas! (v.9). Este lamento corresponde à história do povo bíblico no período pósexílico.
O salmista compara a ação dos profetas à intervenção milagrosa de Deus.

Desse período até o nascimento de Jesus contam 500 anos de silêncio profético.
Novamente, o salmista registra o sentimento do povo: Deus esqueceu-se de ser
gracioso... A mão de Deus mudou (Sl 77,9-10).

Entre os motivos de lamento do povo estava a ausência do profeta. A frustração
era enorme, pois o povo entendia que no passado, Deus lhe respondia através dos
profetas: Os crentes invocavam a Javé e ele lhes respondia (Sl 99,6-8). Malaquias é
sensível a essa insatisfação, e anuncia: Eis que vos enviarei Elias... antes que venha o
Dia de Javé (3,23).

A ausência do profeta, entretanto, tem dois motivos especiais: Primeiro, A
liderança do povo entendeu que faltava disciplina na restauração da nova comunidade.
Em decorrência disso, cresce em importância a ação dos escribas e os sábios. Para estes,
instrução é sinônimo de sabedoria.

O segundo motivo que provocou a ausência da profecia foi o surgimento do
movimento apocalíptico. Sem poder político, sem terra, sem profeta e sem autonomia, o
povo buscou uma alternativa subterrânea para resistir o poder dos impérios persa e
grego: o apocalipsismo.

Joel é um profeta do século IV aC. Sua linguagem revela a influência da
linguagem apocalíptica. A sua pregação encontra-se na transição da antiga profecia para
o anúncio apocalíptica: Deus vem, através da força do Espírito, para destruir o
paganismo e a falsa segurança que o povo deposita sua confiança.


Profecia e Apocalipse

Enquanto o ponto de partida dos profetas é Israel e Judá, o tema do movimento
apocalíptico é a terra e o mundo. Por exemplo: Amós 1,1 diz:“Palavras de Amós... O
que viu contra Israel... dois anos antes do terremoto”. Por outro lado, Isaías introduz a
perícope pós-isaiâmica, apocalíptica dizendo: “... Javé vai assolar a terra e devastá-la...”
(24,1).

A linguagem apocalíptica pertence à esfera do apocalipsismo que está muito
vinculada ao contexto do imperialismo grego, que passou a dominar o Antigo Oriente
Médio a partir do século IV aC (333 aC). A apocalíptica interpreta o mundo
internacionalizado dos gregos. A linguagem apocalíptica está vinculada ao contexto
desse imperialismo.

O núcleo da mensagem de Joel é o Dia de Javé. Nesse dia, Javé vem julgar o
povo, destruir o paganismo e libertá-lo dessa escravidão. Para ele, o paganismo está
instalado na falsa confiança da lei, no ritualismo dos sacrifícios. Após essa obra, o povo
resgatado receberá a efusão do Espírito.

Finalmente, a profecia e o apocalipse representam duas linguagens bem
diferentes: o apocalipsismo é concomitante com o helenismo (imperialismo grego).
Enquanto isso, a profecia relaciona-se às monarquias nacionais de Israel e Judá.

Características do apocalipcismo

Carlos Mesters

O que é comum:

1.
São frutos da fé num mesmo Deus;
2.
Apocalíptica é fruto da “teimosia da fé”, como a profecia.
O que é diferente:

1.
O ambiente
2.
Profecia surge ao lado daqueles que se sentiam responsáveis pela história, a
apocalíptica surge quando a história escapa das mãos do povo;
2. Características do Gênero Literário do Apocalipse (C. Mesters)
1.
Dividir a história do passado em etapas e situar nela o momento presente da
perseguição;

2.
Apresentar a perseguição presente como a realização de uma profecia feita no
passado;
3.
Expressar por meio de símbolos e visões.
3. Objetivo do Apocalipse
1.
Ajudar o povo a ler os fatos que estão acontecendo.
2.
Ajudar o povo a se situar dentro dos fatos e a perceber que a história não escapou
da mão de Deus, mas Ele continua firme com a direção da história na mão;
3.
Ajudar o povo a vencer o medo e a perplexidade diante da situação difícil em que
se encontra.

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