"Restitui! Eu quero de volta o que é meu!"
Esta frase extraída de uma canção "evangélica" me faz lembrar a petulante
atitude do Filho Pródigo quando disse: "Pai, dá-me a parte dos bens que
me cabe". E quão diferente não foi a atitude deste mesmo filho, que,
anos mais tarde, arrependido, apresenta-se diante do pai com o coração
quebrantado, humilde, e nada reivindica, pois, agora, está consciente
de não possuir direito algum diante do pai. Observe que ele nem mesmo
se sente digno de ser tratado como filho. Ele confessa o seu pecado e
passa a contar apenas com a misericórdia do pai.
Nem o Filho Pródigo e nem Jó em seus momentos de angústia cataram ou clamaram algo parecido com: "restitui, eu quero de volta o que é meu" Quando Jó
perdeu tudo, ele exclamou: "O Senhor deu, o Senhor levou, bendito seja
o nome do Senhor". Jó, mesmo sendo considerado uma pessoa justa, sabia
que tudo na vida era uma dádiva e que nada era dele por direito. Não
considerava nada como sendo realmente seu, pois sabia que tudo
pertencia ao Senhor.
Pensando bem, se o salário do pecado é a
morte, então, o que os pecadores teriam de fato por "direito" seria a
morte. Por isto, o profeta Jeremias diz que as misericórdias do Senhor
são o motivo de não termos sido consumidos (Lm 3:22). E diz mais ainda
em 3.39: "Do que se queixa o ser vivente? Queixe-se cada um dos seus
próprios pecados".
Clamar a Deus: "Restitui! Eu quero de volta o
que é meu!" soa tão arrogante quanto a oração do fariseu que se sentia
cheio de direitos diante de Deus. Jesus diz que tal prece foi ignorada
por Deus, enquanto a humilde oração de arrependimento do publicano
pecador achou graça aos olhos de Deus (Lc 18.14). Pois sabemos que
"Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes" (Tg 4:6). É
neste sentido que as crianças nos servem como modelo, não por sua
inocência, mas por sua incompetência. As crianças estão de mãos vazias,
não têm passado e não possuem uma folha de serviços prestados para
apresentar como base de suas pretensões e reivindicações de direitos.
Elas são pobres de espírito. Como crianças se tornaram o Profeta Isaías
que, consciente de não poder subsistir diante de Deus na base de seus
próprios méritos, clamou por misericórdia, dizendo: "Aí de Mim..." (Is
6); João Batista que disse não ser digno de desatar as sandálias de
Cristo (Jo 1.27), o centurião, que disse não ser digno de que Cristo
entrasse em sua casa (Mt 8.8), o publicano que quando orava, "não
ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo:
Ó Deus, sê propício a mim, pecador!" (Lc 18:13); o Filho Pródigo, que
disse não ser digno de ser chamado de filho (Lc 15.19), o cego de
Jericó, que mendigava e clamava por misericórdia (Lc 18.35s); a mulher
sírio fenícia, que não se sentia digna de comer à mesa dos filhos, mas
que se satisfaria com as migalhas que caíssem da mesa do Senhor (Mt
7.26s); Pedro, que prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor,
retira-te de mim, porque sou pecador (Lucas 5:8); Paulo que disse ser o
maior dos pecadores e indigno de ser chamado Apóstolo (1Co 15.9); e
tantos quantos reconhecerem sua indignidade, sua incompetência, sua
inadequação, e, pobres de espírito e desprovidos de qualquer pretensão
e noção de direito, se apresentaram de mãos vazias diante de Deus
esperando por sua misericórdia e graça.
Jesus disse aos líderes religiosos dos judeus que estavam confiantes em sua noção de direito decorrente do fato de serem descendentes de Abraão: "Produzi, pois,
frutos dignos de arrependimento e não comeceis a dizer entre vós
mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras
Deus pode suscitar filhos a Abraão" (Lc 3:8). Não devemos, portanto,
nos apresentar diante de Deus reivindicando o que quer que seja na base
de um pretenso direito. Tal idéia é um atentado ao Evangelho da Graça.
Graça é dádiva imerecida. Portanto, não temos direito a nada, pois tudo
o que recebemos das mãos de Deus é resultado de sua amorosa graça.
Aprendamos, portanto, a orar com o Profeta Daniel: "não lançamos as
nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em
tuas muitas misericórdias" (Dn 9:18).
Vemos nesta canção também um outro vento novo de doutrina, que está
sendo denominada, teologia da restituição. Baseado em Joel 2.25, está
sendo ensinado que tudo o que nos foi roubado pelo diabo, estará sendo
restituído por Deus: "Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos
pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande
exército que enviei contra vós outros." Mas o próprio versículo deixa
claro que este exército de gafanhotos não foi enviado pelo Diabo, mas,
sim, por Deus, com intuito de disciplinar, corrigir e ensinar seu povo.
Outro problema também é atribuirmos ao diabo os nossos infortúnios e
nos esquivarmos de nossa responsabilidade pessoal. É interessante notar
que, diante deste quadro, o profeta Joel não conclama o povo a um
clamor de restituição, mas, sim, a um clamor de arrependimento
(2.12-15). Corações quebrantados, contritos e humildes nunca são
rejeitados por Deus: "Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito
quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus"
(Sl 51:17; Ver também: Is 57.15 e 2 Cr 7.14).
Quando Deus promete restituir, isto se deve a sua misericórdia e graça e não a
qualquer espécie de obrigação, pois Deus nada deve ao ser humano, mas
somos nós quem lhe devemos tudo. Pois "quem primeiro deu a ele para que
lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele
são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!" (Rm
11.35,36).
"Restitui eu quero de Volta o que é meu".. Longe de ser uma atitude arrogante ... pode ser uma Oração Humilde .... pode ser a Restituição de algo que o Diabo nos Roubou ... afinal ele vem ROUBAR ... MATAR e DESTRUIR.... e por vezes mesmo, conosco , tendo a Condição de Filhos de Deus ... ele nos Rouba ... a Pás... a Alegria... etc... desta forma ..."Restitui eu quero de volta o que é meu ..." pode ser a Pás... "Minha Pás vos dou"... a Alegria da Salvação... aliás o autor da Música diz á seguir ..."leva-me as Águas Tranquilas... Restitui..."
ResponderExcluirVarão concordo com tudo que disse, porque pude entender o seu ponto de vista.
ResponderExcluirMas em referência o louvor o seu ponte de vista está muito diferente.
No ponto de vista do cantor do hino, ele está se referindo a um restituição na vida...
Uma restituição interior, pode ver que na letra da música ele está pedindo pra ser lavado, sarado, ele pede que o Senhor coloque azeite em sua dor, ele pede pro senhor leva-lo as águas tranquilas, ele pede pra sentir a alma refrigerada.
Esse louvor é quase uma oração... É de uma pessoa que está se sentindo morta, os sonhos estão morrendo, a chama está se apagando, é uma pessoa que sabe o que é ficar de pé, e pede pra ser renovada... É de uma pessoa querendo sobreviver, em meio as lutas, as guerras... É de uma pessoa que quer batalhar, mas está sem força pra levantar. É de uma pessoa que está dizendo, Senhor, Restitui as minhas forças.
Então Sansão clamou ao Senhor e disse: Senhor Jeová, peçote que te lembres de mim e esforça-me agora, só esta vez, ó Deus, para que de uma vez me vingue dos filisteus, pelos meus dois olhos. Jz16.28 Veja que essa passagem tem haver com a visão do cantor, Sansão clama, e o Senhor renovou ele. No final desse louvor ele fala "o poder do clamor pode ressucitar"
(Louvor que me refiro: Restitui. Cantor : André Valadão).
Concordo com você.... Todavia .. o autor do texto ... tem um pensamento diferente do nosso ... a Restituição que ele coloca.. parece ser uma Atitude de Imposição ... ou seja ... parece que o autor da Música ... quer Impor á Deus .... sua Vontade ... no que diz respeito a Restituição ....e em momento algum o autor da Música se quer menciona ... que Deus é ou será Obrigado a Restituir algo que ele perdeu ou lhe foi tirado ... e sim é uma Atitude de Fé ... pois só Senhor Deus ... pode nos Restaurar ... e Restituir ...
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