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sexta-feira, 4 de maio de 2012

TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO.


      
    Na década de 1970 grupos de cristãos oprimidos da América do Norte e da América Latina começaram a desenvolver teologias chamadas "da libertação". Os teólogos negros da América do Norte voltaram a atenção para o problema do racismo e incluíram no conceito da salvação a libertação dos afro-americanos do preconceito e da exclusão social. Na América Latina teólogos católicos e protestantes começaram a refletir sobre a situação de miséria extrema e injustiça econômica do continente e interpretaram a salvação incluindo a abolição da pobreza estrutural e das ordens políticas injustas. Na década de 1980 teólogos feministas americanos passaram a dar atenção ao problema do preconceito sexual e do patriarcalismo, tanto na igreja como na sociedade.
Essas três principais formas de teologia da libertação compartilham certas características em comum. Os teólogos afro americanos, como James Cone, do Seminário Teológico Union de Nova York, identificaram o racismo como o principal pecado social da América do Norte. Ele foi intimamente associado aos movimentos Black Power de Malcolm X e outros afro americanos, insatisfeitos com a tática pacifista de Martin Luther King. Os seus críticos o consideram uma voz perigosamente radical e sectária da teologia cristã contemporânea, enquanto seus partidários o consideram um profeta semelhante a Amós no AT. Teólogos feministas como Rosemary Ruether do Seminário Teológico Garrett em Evanston, Ilinois, identifica o préconceito sexual e o patriarcalismo (o domínio masculino) como os principais pecados sociais. Para elas a teologia feminista consiste em buscar a igualdade completa entre homens e mulheres em todos os níveis da sociedade, inclusive nas igrejas.
Gustavo Gutiérrez, teólogo católico com amplos contatos ecumênicos, é de Lima, Peru, e considera a pobreza estrutural como o principal pecado social da América Latina. Ele é considerado o pai da teologia da libertação latino americana e seu livro “Teologia da Libertação” continua sendo a principal matéria de estudo do movimento. Gutiérrez considera que a dependência econômica da América Latina em relação às economias e aos governos norte-americanos e europeus foi deliberadamente planejada para beneficiar as sociedades já afluentes e manter as sociedades e culturas do hemisfério sul em uma situação desprivilegiada. Os teólogos da libertação latino americana entendem que a salvação desses povos só virá com a derrota das forças e estruturas econômicas e políticas, que mantém as maiorias latino americanas na pobreza, e no estabelecimento de democracias econômicas de natureza basicamente socialista ou mesmo comunista. Encontra orientação e inspiração nas teorias econômicas e políticas de Karl Marx, embora rejeite o ateísmo e o materialismo.
Segundo Leonardo Boff, teólogo católico brasileiro, com a gênese da teologia da libertação na América Latina, “a religião passa a ser um fator de mobilização e não de freio”. A religião não mais se apresenta como “ópio de povo”. Ela passa a ser fonte de libertação e de esperança para o homem oprimido. Deus não é mais um conjunto de doutrinas e especulações, mas é a fonte de toda a luta pela justiça e igualdade. Por isso, Deus se manifesta nas lutas históricas pela justiça, pela inclusão e pela superação de toda opressão vigente na humanidade.“Eu sou o Senhor, Teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão” (Êxodo 20.2):Eis a face de Deus anunciada pela teologia da libertação.
    Os simpatizantes dessa teologia encontram muita coisa de valor nas mensagens proféticas dos libertacionistas para tornar a igreja mais concreta no combate à injustiça e à opressão.

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