segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
O Sofrimento
O sofrimento é diferente do mal. Vimos o mal moral e o mal físico e que o mal físico é decorrente do mal moral. O sofrimento pode ser decorrente do pecado, mas, na maior parte das vezes é decorrente da nossa própria limitação humana.
Isaías 24.3-6 – A terra será de todo devastada e totalmente saqueada, porque o Senhor é quem proferiu esta palavra. A terra pranteia e se murcha; o mundo enfraquece e se murcha; enlanguescem os mais altos do povo da terra. Na verdade, a terra está contaminada por causa dos seus moradores, porquanto transgridem as leis, violam os estatutos e quebram a aliança eterna. Por isso, a maldição consome a terra, e os que habitam nela se tornam culpados; por isso, serão queimados os moradores da terra, e poucos homens restarão.
Há momentos que o povo sofre porque sofre, há momentos que sofre em decorrência do pecado. Todos sofrem, mas não significa que o sofrimento seja um estado permanente, como alguns dizem: a vida é um sofrimento. Há momentos na vida que sofremos. O sofrimento está fundamentalmente ligado ao fato do homem ser limitado. Sofre desde o sofrimento físico mais básico, pois sente dor, fica cansado, até os sofrimentos psicológicos e espirituais. Passamos por sofrimentos durante a nossa vida, mas não significa que esse sofrimento é permanente. Existe doença no mundo por causa do pecado de todos nós. Não significa que uma doença específica de uma pessoa é castigo por um pecado específico; tanto pode ser assim como não ser, isso só Deus sabe. Existe o mal físico, doença e morte, por causa do mal moral; e o sofrimento por causa do mal moral.
O Sofrimento dos Ímpios
O sofrimento dos ímpios é conseqüência da justiça divina que existe no presente, vai existir no futuro e no futuro vai existir para sempre, porque o sofrimento do ímpio é eterno. O ímpio não vai sofrer até morrer, ou sofrer e morrer rapidamente e isso vai se encerrar. Não. O sofrimento do ímpio será eterno. O sofrimento do ímpio é parcial nesse momento, e vai sendo maior a cada momento até o sofrimento dos sofrimentos. O sofrimento dos ímpios não é nossa preocupação, o sofrimento deles é com Deus.
O Sofrimento dos Cristãos
A Atitude Cristã no Sofrimento
Como nós cristãos devemos enfrentar o sofrimento, que decisões podemos tomar, quais as atitudes que podemos ter.
Jeremias 10.19 – Ai de mim, por causa da minha ruína! É mui grave a minha ferida; então, eu disse: com efeito, é isto o meu sofrimento, e tenho de suportá-lo.
Essa e a atitude mais comum. O profeta Jeremias sofreu muito, sofreu por ele e pelos outros. Tenho de suportar. Ele está aceitando o seu sofrimento. Essa é a primeira atitude que podemos ter em relação ao sofrimento: a de resignação. Resignação é paciência no sofrimento. Suportar com paciência.
Jeremias 10.23-24 – Eu sei, ó Senhor, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos. Castiga-me, ó Senhor, mas em justa medida, não na Tua ira, para que não me reduzas a nada.
Jeremias, em sua oração, pediu que o Senhor o castigasse na medida que ele podia suportar.
Jeremias 26.8 – Tendo Jeremias acabado de falar tudo quanto o Senhor lhe havia ordenado que dissesse a todo o povo, lançaram mão dele os sacerdotes, os profetas e todo o povo, dizendo: Serás morto.
Jeremias 37.18 – Disse mais Jeremias ao rei Zedequias: Em que pequei contra ti, ou contra os teus servos, ou contra este povo, para que me pusesses na prisão?
Vemos o sofrimento que Jeremias passa, que ele sabe que são causados, que são vindos de Deus, e tem sofrimentos que são causados pelos homens, e ainda assim Jeremias sabe que precisa de resignação. Resignação é o sentimento mais comum que temos. Existe outros sentimentos que deveríamos ter em relação ao sofrimento, mas a resignação é o mais comum. O apóstolo Paulo, depois de apanhar, de ser apedrejado, ficar doente, já chegando ao final da vida, escreve a segunda carta a Timóteo, que é a penúltima carta que Paulo escreve, e ele diz assim: Minha hora chegou. Acabou. Ele diz a Timóteo:
2ª Timóteo 1.8 – Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem do Seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do Evangelho, segundo o poder de Deus.
Paulo está dizendo para Timóteo participar do sofrimento, dispor-se, voluntariar-se, querer participar, compartilhar.
2ª Timóteo 2.3 – Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus.
Temos de participar dos sofrimentos porque somos soldados de Jesus; é uma participação por amor a Cristo.
2ªCoríntios 1.7 – A nossa esperança a respeito de vós está firme, sabendo que como sois participantes dos sofrimentos, assim o sereis da consolação.
Participantes dos sofrimentos por causa de Cristo. Assim como somos participantes do sofrimento, somos também da alegria. Há alguns sofrimentos que são sofrimentos genéricos; há sofrimento terreno por causa de um irmão, mas não é sofrimento por causa da fé, não é perseguição. Há sofrimentos que são exclusivos do cristão. Uma segunda atitude em relação ao sofrimento é a participação.
Romanos 8.18 – Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.
Não há nenhum registro na Bíblia que diga: Você se tornou um cristão, e de agora em diante não terá nenhum sofrimento. Ao contrário, Jesus disse que no mundo passamos por aflições, por sofrimentos. Além de resignação e participação há mais uma coisa que precisamos fazer em relação ao sofrimento
Tiago 5.10-11 – Irmãos, tomais por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os quais falaram em nome do Senhor. Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo.
Tiago está dizendo que devemos tomar como modelo os profetas; este é o povo que temos de imitar. São dignos de imitação aqueles que sofreram. Vamos imitar os que sofreram. Outra atitude: imitação dos modelos bíblicos.
1ª Pedro 4.12-14 – Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando. Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus.
Somos co-participantes no sofrimento de Cristo, mas não no sofrimento penal de Cristo. Sofrer como preço por obediência. Há mais uma atitude.
Colossenses 1.24 – Agora, me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a Igreja.
Alegria é outra atitude. Sofrer pelos irmãos. Quando Jesus diz: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça” (Mateus 5.10), não está se referindo ao código penal, dos assassinos, dos ladrões.
Atos 5.41 – E eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome.
Saíram comemorando! Temos de nos alegrar! Por isso dizemos que resignar é a coisa mais fácil.
Tiago 1.2-3 – Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança.
Não é só pelo sofrimento por Cristo que nos alegramos, mas também quando passamos por provações. Toda alegria é uma grande alegria. Não é pouca alegria, é toda a alegria. Só quando temos consciência disso é que podemos sentir a alegria. Não temos a provação como uma coisa final; nos alegramos por ter passado por aquela provação, porque uma vez confirmada a nossa fé seremos mais perseverantes. Ninguém diz que o sofrimento vai ser indolor, porque se for indolor não é sofrimento.
Hebreus 13.3 – Lembrai-vos dos encarcerados, como se presos com eles; dos que sofrem maus tratos, como se, com efeito, vós mesmos em pessoa fôsseis os maltratados.
Temos de sentir junto com os que sofrem, ou seja, simpatia, não empatia. Quando juntamos idéias fazemos uma síntese. Quando temos doença temos uma patologia. Temos de ter simpatia com os que sofrem, temos de sofrer junto com os que sofrem.
Colossenses 4.18 – A saudação é de próprio punho: Paulo. Lembrai-vos das minhas algemas. A graça seja convosco.
Sofram junto com as minhas prisões. Uma coisa é sofrer junto, outra é participar do sofrimento. Imitar quem sofre, alegrar junto! Há mais uma atitude e esta é o ápice da maturidade cristã:
1ª Pedro 4.16 – Mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes glorifique a Deus com esse nome.
Glorificar a Deus pelo sofrimento. É outra atitude que devemos ter: glorificar a Deus.
Colossenses 1.24 – Agora, me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu corpo, que é a Igreja.
Paulo estava glorificando a Deus pelo que acontecia com ele.
2ª Timóteo 2.10 – Por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna glória.
Sofrer por tudo, porque uma vez provada, produz perseverança; lembrando que em tudo devemos dar graças, todas as coisas cooperam; não é alguns, mas tudo. A última coisa que temos fazer é lamentar o nosso sofrimento. Temos de enfrentar com resignação, pois faz parte do nosso viver, não é algo que saiu do nada. A Bíblia diz que vamos passar por isso e que temos de participar do nosso e do sofrimento dos irmãos, temos de imitar aqueles que sofrem por serem cristãos, com contentamento e com simpatia pelo outro que está sofrendo, e, principalmente, agradecendo a Deus por causa disso.
Aula ministrada na Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo
Transcrição da Missionária Heloísa Martoni
Bibliografia usada na preparação da aula:
A providência – Rev Héber Carlos de Campos
As Institutas – João Calvino
Razão da Esperança – Rev Leandro Antonio de Lima
Teologia Sistemática – Louis Berkhof(todos da Cultura Cristã/CEP)
As citações Bíblicas são da tradução de Almeida - revista e atualizada - Sociedade Bíblica do Brasil
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